Usos e costumes em Belém no século XVII
"[...]. Quanto aos
costumes, usos, estilos e festas populares, ... – conservavam os dos
portugueses, seus antepassados.
As mulheres
trajavam-se à moda europeia. Eram excelentes mães de família, não lhes sendo
desconhecidos “o lavor de bordar, de coser, de bilrar rendas e de lavrar de
agulha ou de penas atavios de flores”.
Até o ano de 1749,
o dinheiro corrente na cidade era simbolizado pelos novelos de algodão ou
gêneros da terra. Não existia outro.
O decreto régio de
12 de junho de 1748 estabeleceu o derrame do dinheiro amoedado, tempos depois
posto em circulação.
Vem daí o seu
curso e uso no Pará.
Uma das festas
mais populares e mais concorridas da época era a do Apóstolo São Tomé,
instituída pelos jesuítas. Pretexto para folguedos, danças e desordens.
Realizava-se em
terreno apropriado, lá para as bandas da antiga Pedreira, no rio Guamá.
O Natal de Jesus
servia de motivo para as reuniões familiares, onde eram servidas ceias em
iguarias portuguesas, desde vinho ao bacalhau e às castanhas.
Outra festa
religiosa, datando dos fins do século XVIII, movimentava todos os anos os
paraenses. Era a de Nossa Senhora de Nazaré, cuja ermida fora construída em
1774. Foi D. Francisco de Sousa Coutinho, Governador e Capitão General do
Grão-Pará e Rio Negro, que deu organização ao Círio, em 1793.
Aberto o Largo de
Nazaré para a feira, que se seguia à solene procissão, Belém enchia-se de
romeiros, provindos de todos os recantos, dando à cidade aspecto festivo.
Nas barracas
cobertas de palha de palmeiras, eram vendidos os produtos da terra: cacau,
baunilha, guaraná, arroz, anil, urucú, utensílios de cerâmica indígena, tabaco,
redes, peixe salgado, etc.
A festa do arraial
era, pois, um acontecimento na vida belenense. O São João constituía outra
tradicional herança portuguesa. Os banhos cheirosos, as sortes, as fogueiras,
os mingaus, a canjica, o arroz-doce deram, com o tempo, um sabor regional aos
folguedos joaninos. Das bebidas usuais de origem indígena, o açaí e o tacacá
chegaram aos nossos dias.
O açaí dá em
cacho. É originário de uma palmeira nativa, de tronco fino, abundante em todo o
território paraense, principalmente nas ilhas. As amassadeiras, assim chamadas
as mulheres que se dedicam à venda do açaí, extraem da polpa da fruta uma
bebida deliciosa, de grande consumo entre todas as classes sociais. É de cor
arroxeada. Serve-se com farinha e açúcar ou mesmo sem este. Uma bandeirinha
vermelha, na porta da quitanda ou de qualquer barraca, indica a venda do açaí.
O tacacá é outra
bebida muito apreciada pelos paraenses. Faz-se da mistura do tucupi com a goma
da mandioca, e enxerto de jambu e camarão.
Outra usança da
era colonial, e que chegou até nós, é o beiju-xica. Diz Baena que essa massa
“foi inventada pelas mulheres portuguesas à semelhança dos filhós de massa de
trigo”.
É extraída da
mandioca branca ralada e socada no pilão. Vai ao forno. Os que escreveram as
crônicas desse tempo são unânimes em proclamar a excelência das comidas e do
clima, que diziam “apto para a vida, mas inda propício à longevidade”.
E vinham os
exemplos. As relações paroquiais onde, em suma, 30 homens e 30 mulheres entre
cem tinham alcançado idades que variavam de 90 até mais de 100 anos.
A água, que os
habitantes bebiam nessa época, e com que se supriam para as suas necessidades
caseiras, era a de poço.
Existia o paul
d´água, na antiga estrada desse nome, hoje Avenida de São Jerônimo. O manancial
era explorado por particulares.
Depois, a Câmara
Municipal tomou a si esse encargo.
A fonte do Domingús, que ficava para as bandas do Tapanã, fornecia excelente água
potável de grande consumo na cidade. Quem não podia ir busca-la, comprava-a dos
aguadeiros. O mesmo acontecia com a fonte da Pepe.
Até princípios do
século XIX, era assim que Belém vivia.
Como um grande
burgo, onde os capitães-mores, opulentos e negligentes em sua maior parte,
compraziam-se em passear a sua soberbia e a tirar da terra as riquezas, que
embarcavam às pressas para a corte”.
Ernesto
Cruz
Belém:
aspectos geo-sociais do município. 1945, p. 59-62.
Olá, tudo bem?
ResponderExcluiradorei o sue post.
vc saberia me dizer o por quê dessa bandeirinha nas portas de onde vende açai? a origem
Obrigada
Essa bandeirinha vermelha existe desde séculos passados nas portas das vendas de açaí. A origem vou pesquisar pra você, ok? Abraços e obrigada por visitar meu Blog.
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