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Mostrando postagens de agosto, 2019

Uma viagem de naturalistas

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"[...]. As margens do lago eram guarnecidos por uma larga grinalda de lírios aquáticos ( Nymphaea rudgeana ), habitada por muitas famílias de Parra jacana. Não foi fácil passar com o bote através desta cinta de folhas, e foram precisos todos os nossos esforços unidos, durante horas de trabalho, para avançarmos uma distância direta de poucos quilômetros. Era quase noite quando chegamos ao sítio de um dos nossos guias e barqueiros: dois ranchos cobertos de folhas de palmeiras. Impressionou-nos a semelhança da paisagem ao redor deste "sítio" com a da região dos campos nas partes oriental e setentrional da Ilha de Marajó, e com os caracteres físicos do interior da Mexiana, tais como os descreveu Wallace. As aves oferecem numerosas semelhanças de parentesco. Milhares de patos bravos voavam a alturas diferentes sobre as nossas cabeças, procurando voltar aos caniçais das margens do lago. [...]". Emílio A. Goeldi (1859-1917). Resultados ornithologicos de uma viagem de

Minha viagem pelos canais entre ilhas

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"[...]. No dia seguinte, antes do sol nascer, soprou uma brisa fresca; os homens levantaram-se e desfraldaram as velas. Navegávamos o dia todo pelos canais entre ilhas, com longas praias alvas, arenosas, sobre as quais víamos de vez em quando, aves aquáticas e ribeirinhas. A floresta era baixa, e tinha aspecto severo. Aí cresciam várias palmeiras, que eu não via antes. Nos ramos baixos, perto d´água, havia numerosas e lindas tanagras de cabeça vermelha ( Tanagra gularis ), esvoaçando e chilrando, como pardais. As quatro e meia chagamos à boca de um furo, onde havia vasta praia arenosa. O vento encrespara a areia em cristas e ondulações, e sobre as partes mais úmidas corriam bandos de maçaricos. Alexandre e eu fizemos grande caminhada pela praia, que aparecia como agradável digressão ao cenário monótono da floresta, em meio da qual viajáramos. [...]. Aí vi pela primeira vez um jacaré, que levantou a cabeça e os ombros pouco depois de eu ter tomado banho nesse lugar. A noite era c

O pé de ajuru

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"Será que um dia vais esquecer essa noite em que o céu e a terra se confundiam, em que tiveste esse amor a escorrer das tuas mãos, e era tanto que lhe pareceu encher mais o rio, e fez os pássaros aconchegarem-se mais nos ninhos, as folhas sussurrarem preces e arrepiarem-se de mansinho, e em que as frutas do ajuru se deixaram cair levemente sobre a areia, tal como gotas de sangue, muito rubras e carnudas. Mas Rosinha, agora, já ia longe; o pé de ajuru ficara lá na praia amadurecendo novos frutos ao sol forte que doirava aquelas terras quentes e aqueles rios guardadores de piranhas e histórias de peixes e mães-d´água...". E. Costa Lima. O filho da cobra grande : folclore marajoara. 2. ed. 1944, p. 66. Ajuru ou Guajuru ( Chrysobalanus icaco). Denisse, E. Flore d´Amérique , t. 128, 1843-1846. www. plantillustrations. org

As matas marajoaras

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"[...]. Os madeiros lá no alto como que sufocados, atiram os seus galhos em todas as direções entrelaçando-os com as das outras árvores; de longe, do meio do campo avista-se aquilo como se fosse formado por um único tronco, dando-nos a mais nítida impressão de que é um só e grande "bouquet". Às vezes para dar um ar mais poético, eleva-se uma palmeira de caule fino, delicado e esbelto, acima desses patriarcas, os quais, por estarem tão altos, sentem por vezes, das nuvens, o seu ósculo frio. Esses madeiros parecem ser os reis dessas regiões inabitadas. Na época da floração, é uma maravilha! Tornam-se de uma beleza sem igual. Ficam a tal ponto floridos, marchetados de mil cores, parecendo-nos um enorme ramalhete, não se encontrando um único lugar verde; tingem-se de amarelo, de azul, de roxo e vermelho, fascinando quem os contempla. Aspira-se então um perfume suave e silvestre, por toda a encantadora ilha. Finda a floração, vem a época dos frutos. Desprendem-se seus fru