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Mostrando postagens de 2022

Papagaios e araras em seu habitat

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          Comer e dormir no mesmo lugar pode ser perigoso para um animal, porque aumentam as chances de os predadores localizá-lo. Araras e papagaios amazônicos evitam esse problema, voando para os locais onde se alimentam, e retornando para o habitat onde dormem ao final da tarde. As matas inundadas da Amazônia desempenham um duplo papel na ecologia das araras e papagaios. Primeiramente, de qualquer lugar onde estiverem, as araras e os papagaios amazônicos retornam para a mata inundada ou ribeirinha para pernoitar. Eles também parecem escolher os locais de alimentação e de pousada em margens opostas de um rio. De manhã cedo, voando tão próximos que parecem ser uma única ave com quatro asas, os pares são avistados e ouvidos atravessando o rio para chegar aos locais de alimentação. Frequentemente, o tráfego de araras e papagaios pode ser considerado de mão dupla, pois os bandos, partindo e margens opostas, passam um pelo outro em pleno voo.   FONTE: GOULDING, Michael. História natural d

As praias nos rios da Amazônia

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         [...]. Quanto aos rios, alguns como o Solimões (Amazonas) e o Japurá, são largos de muitos quilômetros e cheios de ilhas arborizadas, com as margens elevadas, em cujo centro encontram-se lagos. Estas ilhas geralmente se afundam inteiramente, na época das cheias, enquanto que, na estação seca, estendem-se por praias às vezes bem grandes, onde as tartarugas vêm escavar para colocar seus ovos. Outros rios são estreitos em relação a seu curso, pois o Juruá, apesar de seus 4.000 quilômetros de comprimento, e o Jutaí, com seus 2.000 quilômetros, não chegam a 600 metros de largura, na sua boca. Assim que alcançam uns trinta metros de largura, apresentam praias em todas as curvas, as quais se sucedem incansavelmente da direita à esquerda e da esquerda à direita até a sua confluência. Essas praias seriam ótimas estações balneárias, caso não estivessem infestadas pela presença de jacarés e se o lugar fosse mais povoado  e mais alegre. Entre a grande floresta e a praia se estende em gera

Ubuçu: a palmeira mais característica dos Furos de Breves

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          Não se pode tratar da vegetação dos Furos de Breves sem citar a palmeira mais singular e característica desta região, o ubuçu ( Manicaria saccifera ). O seu bouquet de imensas folhas lanceoladas e muitas vezes quase inteiras, de um verde claro, aparece só com intervalos na margem dos canais e isto somente nas concavidades das beiras, carcomidas pela correnteza, mas logo que se entra em qualquer lugar, por dentro da floresta, ele constitui um dos elementos dominantes da vegetação, ao menos nos trechos periodicamente inundados. [...]. Mesmo no meio dos igapós onde o ubuçu abunda, a água é semeada de frutos, quando os seus cachos pendentes amadurecem. Todo mundo aqui conhece a espata da inflorescência do ubuçu, que, sob o nome de "tururi", serve de boné e de saco para guardar objetos miúdos. [...]. FONTE: HUBER, Jacques. Contribuição à geographia physica dos furos de Breves e da parte occidental de Marajó. Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia ,

Colibri: verdadeira joia da Natureza

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          Para Buffon, o beija-flor (colibri) é de todos os seres vivos, o mais elegante na forma e o mais brilhante pela variedade das cores - verdadeira joia da natureza que, favorecendo-o, cumulou-o de dotes apenas distribuídos entre as outras aves. A esmeralda, o rubi, o topázio brilham sobre suas penas que ele jamais suja com a poeira da terra e, na sua vida - toda aérea - vemo-lo apenas tocar a relva por instantes. Sempre no ar, voando de flor em flor, só habita os climas onde, sem cessar, elas se renovam.           É nas mais quentes regiões do Novo Mundo que se encontram todas as espécies de beija-flores. Assaz numerosas, parecem confinadas entre os dois trópicos pois as que avançam no verão nas zonas temperadas, aí só fazem curta estada; parecem seguir o Sol, avançar e retirar-se com ele e voar sobre as asas do zéfiro em busca de uma primavera eterna ... FONTE:   MIRANDA NETO, Manoel José de. Marajó : desafio da Amazônia, aspectos da reação a modelos exógenos de desenvolviment

Uma Bromeliácea como um gigantesco ananás

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          [...]. Aí brilha subitamente no meio da escura folhagem o cacho cor de fogo com 30 centímetros de altura, de uma Bromeliácea como um gigantesco ananás. Atraem-nos então novamente a atenção as mais lindas orquídeas que em parte trepam pelos troncos eretos como círios, em parte cobrem agreste e pitorescamente os galhos que raramente se ramificam abaixo de 20 a 30 metros do chão.              A grande fertilidade do solo parece que deixa as árvores crescerem demais ao mesmo tempo juntas umas das outras, de maneira que no princípio nenhuma encontra espaço para se ramificar, e daí uns troncos esforçarem-se mais por exceder outros e conquistar espaço mais em cima. Ali, onde galhos pequenos nascem dos grandes ou ali, onde estes se bifurcam, costumam as Bromeliáceas aninhar-se, tornando-se muitas vezes colossos, iguais a um Aloe da altura de um homem, e olhando dessas vertiginosas alturas para o viandante embaixo, curvam-se graciosamente. FONTE: ADALBERTO. Príncipe da Prússia. Brasil

Uma floresta tropical

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          [...]. No decurso de nossa interminável marcha através da floresta imensa, perfurada pela grande picada, as paisagens se sucediam numa variedade maravilhosa de coloridos, mas sempre caracterizadas por impressionante grandiosidade! Passávamos entre alamedas de enormes árvores, circundadas de fetos e ligadas por grossas lianas (cipós), que se entremeavam pelos troncos e pelas galhadas, até os pontos mais elevados das copas. Por todos os recantos viam-se flores as mais variadas na forma e nas cores, raramente faltando à beleza natural dos quadros a benfazeja corrente de um igarapé para completar a amenidade daquelas paisagens. As maravilhas da Natureza, aliadas à calma reinante nos silenciosos ermos, infundia um desejo incontido de lassidão, que convidava, por vezes, a um abandono completo de si mesmo...                  A enorme distância que nos separava do bulício das grandes cidades, tornava aprazível e despreocupada a nossa estada ali, se bem que compreendêssemos perfeitame

Toda a pujança da Natureza Tropical

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          Naquela manhã a natureza toda como que se preparara para nos receber. As sumaumeiras gigantes mais se agigantaram no porte e soltaram aos ventos macios sua cabeleira frondosa. Os mulateiros, despojados de sua casca ressequida ergueram-se viris e sobranceiros. Os taxizeiros cobriram-se de flores, umas ainda de cor de creme, outras já avermelhadas, todas pontilhando a floresta de cores vivas e radiosas.           Os cipós, brincalhões e irrequietos, trepavam pelos troncos portentosos ou se dependuravam nos galhos como serpentinas desenroladas, vindo por vezes mergulhar no remanso das águas ou se perder no meio dos matupás. As mungubeiras, os galhos desfolhados e pendentes de frutos vermelhos, soltavam no ar mil flocos de paina que levados pela brisa, acabavam pousando de leve na superfície das águas. E seguiam tranquilos a correnteza do rio.            Por todos os lados as orquídeas maravilhosas, de mil espécies diferentes, enfeitavam ainda mais os galhos coloridos da mataria.

As palhas das palmeiras bussú e inajá

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         Um dos produtos fibrosos de maior importância no Marajó são as palhas do bussú e do inajá  que além de serem usadas na cobertura de casas, são comercializadas por ribeirinhos no porto da cidade de Breves e outras sedes de municípios marajoaras. O corte das folhas do bussú é feito durante todo o ano, porém, uma vez cortada, a palmeira só está apta a um  novo corte de 3 a 6 meses depois. Das palmeiras mais jovens são extraídas em torno de 20 folhas e, das mais velhas, apenas 14. Quatro folhas são sempre deixadas nas árvores para a regeneração mais rápida da copa. [...]. FONTE:  LISBOA, Pedro L. B. A terra dos Aruã: uma história ecológica do arquipélago do Marajó. 2012. p. 183.   Ubuçu ou Bussú  Manicaria saccifera. C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum - 1823- 1850  

Uma paisagem com plenitude resplandecente

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             [...]. Tudo é vida; animais e plantas em gozo, na luta. Às sete horas, o sereno começa a desaparecer, o terral enfraquece e logo se nota o calor que aumenta. O sol sobe rapidamente, a prumo, no céu claro e de um azul transparente no qual as nebulosidades são uniformemente dissipadas, até que, pouco mais tarde, baixinho no horizonte ocidental, começam a formarem-se nuvens pequenas, branquinhas, estas se prolongam em direção ao sol e pouco a pouco estendem-se longe no firmamento. Cerca das nove horas a campina está seca; a mata aí está no brilho das folhas de loureiros; flores abrem-se, outras já estão esgotadas pelo gozo do amor. Uma hora mais tarde, as nuvens já estão amontoadas alto e formam densa mata, que às vezes passam pelo sol, escurecendo-o e refrescando, que domina a paisagem com plenitude resplandecente. As plantas palpitam sob os raios tórridos do sol; abandonam-se esquecidos ao forte estímulo. Besouros dourados e beija-flores zumbem alegres aproximando-se, na m

A floresta amazônica

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          Em nenhum recanto da terra a vida vegetativa é mais exuberante do que na depressão amazônica, nem se estende sobre tão amplos domínio. É a floresta equatorial com o seu viço, a sua seiva, as grandes formas arborais, a sua pompa, o seu esplendor, que deteve Humboldt, encantado Spix e Martius surpreendidos. Acompanhando o Amazonas em sua horizontalidade característica, divergindo para os vales laterais, seguindo-os, acompanhando-os desde as nascentes até a foz, espraindo-se em todos os sentidos, vasta, magna e virgem, a selva, aqui por estes longes do Brasil setentrional, é uma admiração. É obra das grandes águas e do sol do equador. [...].                               Tudo, na vida vegetal, aqui, é grande. No critério de ilustre botanista, a floresta amazônica apresenta-se sob duas modalidades: emersa e imersa . A floresta emersa é a que reponta no tipo das grandes árvores de tecido resistente. É o domínio das lianas e das orquídeas, a região das plantas medicinais, das árv

As garças e suas alvas franjas

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               Ao passarmos por banhados e lagoas já reduzidas pelo adiantado da vazante, tínhamos o costumeiro mas sempre maravilhoso panorama de um espelho líquido, cercado de tapete dos periantãs, matizado de saracuras, socós, colhereiros, flamengos, jaburus e garças, estas, como as franjas de toalha alva cobrindo a mata, que emoldura o conjunto. FONTE: BARROS JUNIOR, Caçando e pescando por todo o Brasil. 5a série: Purus e Acre. São Paulo: Melhoramentos, [195-?]. p, 39.   Garças  Pintura de Jessie Arms Botke (1883-1971)

Um mundo novo de seres desconhecidos

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              Era um mundo novo de seres que o recém-chegado desconhecia. Na borda dos lagos e dos rios, pensativas como cegonhas, deparou-se com  as garças brancas, pardas, morenas; o guará, o jaburú, o tuiuiú, o maguari, cismando como ibis americano; assustadas, a revelar o medo materno em alaridos e revoos constantes sobre os ninhos nas praias, as gaivotas; sobre os troncos, de bubuia, descendo o rio abaixo no tempo das enchentes, as marrecas ariscas. Aqui, ali, acolá, zunindo, roncando, cantando, chiando, surpreendeu beija-flores, jacinas, ponhamesas, besouros, tentens, saís, curiós, coleiras, bicudos, patativas, abelhas, jaquiranaboias, cigarras e grilos; nas clareiras, em forma de perdizes e listrados de preto e branco, remarcou pavõezinhos que comem moscas, a volverem o corpo à direita e à esquerda, sobre as pernas fixas, como se dançassem um minuete esquisito. FONTE: MORAIS, Raimundo. Paiz das pedras verdes, Manaus: Imprensa Pública, 1930. p. 48. Álbum de aves amazônicas -1900-

O Jacamim e as cobras

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        Que haverá na constituição de certos animais - notavelmente de algumas aves -  que as torna invulneráveis - ou quase - às mordidas das serpentes venenosas? Dizem que o agami [jacamim] ou     corneteiro ( Psophia crepitans ) é imune a mordidas de cobra. Posso testemunhar que essa ave de fato não teme os ofídios, revelando grande habilidade em caçá-los, sem medo de bicá-los em qualquer parte do corpo e sabendo como esquivar-se de seus frequentes contra-ataques. Em Panuré, à beira do Uaupés, havia um agami domesticado que se afeiçoou a mim a tal ponto que costumava me seguir como se fosse um cão. Ele nunca falhou em dar cabo de qualquer cobra que cruzasse nosso caminho.               Certo dia, saí sozinho com esse agami pela caatinga afora. Chegando a cerca de 4 milhas [6,44km] da aldeia, pus-me a vaguear por um lugar relativamente limpo de vegetação rasteira no qual abundavam certas plantas diminutas (Burmaniáceas) que eu estava muito interessado em colher. Enquanto procurava os

Minhas pesquisas em História Natural

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        Esses cadernos contêm relatos de viajantes e naturalistas que percorreram a floresta amazônica descrevendo a fauna e flora da região.          Parte de m inha pesquisa está registrada nos meus dois livros intitulados "Amazônia Exótica: curiosidades da floresta" (vol.I/II) editado em 2012/18. Outros dados  estão compartilhados no meu Blog: olimpiareisresque.blogspot.com.              Os  cadernos aqui fotografados fazem parte dos meus manuscritos pessoais que vem desde 2002, quando me interessei pela organização de um vocabulário controlado, o que me permitiu consultar centenas de livros raros e esgotados .                    Alguns cadernos com minhas pesquisas em  História Natural do Brasil

Bananeiras ornadas com suas brilhantes flores amarelas e vermelhas

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             Para uma região é sempre esplêndido enfeite uma floresta virgem. Admira-se, estremece-se, sem pressentir, essa infinda variedade de antigos madeiros, de palmeiras, lianas, e gigantescas plantas, cujas folhas atingem o tamanho de um homem. Nossas barracas iluminadas pelo sol em fundo de cerrado mato; nossas bagagens; [...]; no primeiro plano pacovas gigantes; cipós enormes, como eu nunca vira; no fundo à direita, o rio estreito e sombrio; tudo isso formava uma perspectiva interessante.[...].                            Ali as pacovas, que em São Paulo, debaixo do nome de caetés são criancinhas e no Paraguai já parecem adolescentes, se apresentam de repente com o viço e tamanho das maiores bananeiras, orladas com suas brilhantes flores amarelas e vermelhas em ziguezague; ali os cipós mais grossos não sobem simplesmente como em outros lugares: entrançam as árvores, vão de um tronco para outro como os estais e braços das vergas dos navios. Assim é que, ao chegarmos ao porto, p

A sensação de admiração de um viajante

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         O esplendor alternado das formas dessa folhagem cresce com a vivacidade de colorido de inúmeras flores. Quantidade de aves, galinholas d´água, garças, mergulhões etc. animam essas selvas; o sossego da vida e os folguedos dessas espécies de aves harmonizam-se com a feição agreste desta solidão, e o viajante, remando lentamente, cede a um misto de sensações de admiração e enlevo sonhador, até que o aparecimento de um jacaré, à espreita, ou de um bando de lontras, que passam roncando, velozes como flechas, o despertam.  FONTE: SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. F. von. Viagem pelo Brasil ( 1817-1820). São Paulo: Melhoramentos, [1961]. v. 2. p. 191. Garças Álbum de aves amazônicas 1900-1906 Desenho de Ernst Lohse (1873-1930) www.biodiversitylibrary.org

As propriedades milagrosas do Manacá

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         Conhecido cientificamente pelo nome de Brunfelsia uniflora , da família das Solanáceas, o nosso manacá é uma das muitas espécies de plantas que gozam, na Amazônia, de propriedades milagrosas, tanto no receituário indígena, como depurativo, como na imaginação da gente rústica, através de banhos para espantar o caiporismo e trazer sorte nas atividades que se exercitem. Os nossos caboclos, antes de irem à caça ou a pesca, julgam que um banho dessa planta favorece lindamente as redes ou a pontaria. FONTE: ORICO, Osvaldo. Mitos ameríndios e crendices amazônicas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília, DF: INL, 1975. p. 217. (Retratos do Brasil, v. 93). Manacá ( Brunfelsia uniflora ) Paxton, J. Magazine of botany anda register plants. v. 1, 1834. www.plantillustrations.org

Uma cena mais animada

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         [...]. Para o fim do verão a cena torna-se mais animada pelos milhares de aves aquáticas, garças, jaburus, guarás, colhereiras, patos, mergulhões, etc. aparecendo às vezes uma águia, que pousa filosoficamente sobre o ramo de alguma árvore e daí fica vendo com a maior indiferença passarem-lhe as canoas quase por baixo [...]. FONTE: DERBY, Orville A. Trabalhos restantes ineditos da Commissão Geologica do Brazil (1875-1878): A Ilha do Marajó. Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia , Belém, t. 2, fasc. 1-4, p. 169, 1898.   Cegonhas - Guarás - Colhereiras Album de Aves Amazônicas - 1900-1906 Desenho de Ernst Lohse (1873-1930) www.biodiversitylibrary.org

Pau-d´arco

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         Nem mesmo pela época da inflorescência, como prévia e natural reserva à alimentação dos frutos, as árvores amazônicas perdem a demasiada folhagem. Apenas um ou outro espécime vai despindo, demoradamente, a vestimenta das folhas, enquanto outros, mais raros, transmudam, rapidamente, em flores a túnica esmeraldina. É ao tempo em que as duas qualidades de pau-d´arco abrem, nas tristezas das selvas, a alegria passageira das suas florações: uma, projetando nas espessuras os ramalhetes de ouro pálido: a outra, abrindo os escrínios das floriformes ametistas. FONTE: LADISLAU, Alfredo. Terra imatura. Manaus: Editora Valer, 2008. p. 63. (Série: Memórias da Amazônia).   T abebuia heterophylla Descourtilz, M. E. Flore pitoresque et médicale des Antille. v. 3, 1827.  Desenho de J. T. Descourtilz www.plantillustrations.org

Um cenário de extrema beleza

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       Todo o aspecto desse circo musgoso, com sua larga faixa de água a se precipitar no abismo, circundado por uma densa e luxuriante floresta, em meio à qual não se avistavam Palmáceas, constituía um cenário de extrema beleza, no qual se misturavam aspectos típicos tanto dos climas tropicais como dos temperados.          Nas florestas adjacentes, porém, havia diversas Palmáceas, inclusive algumas palmeiras-anãs novas para mim, como era o caso de uma pequena bacaba ( Oenocarpus ) de 15 pés [4.6m] de altura e folhas penadas, equidistantes. Acima da catarata, a floresta se tornava mais baixa, tendo mais o aspecto das caatingas, apresentando diversos açaizinhos e muitos buçus. Mais à frente, transformava-se num caranazal, ou seja um bosque de caranás ( Mauritia carana ), cujas frondes os índios costumam cortar para usar como cobertura de suas casas. FONTE: SPRUCE, Richard. Notas de um botânico na Amazônia. Belo Horizonte: Itatiaia, 2006. p. 307.  (Reconquista do Brasil (2a. Série. v.

As marrecas e os navegantes na Amazônia

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          [...]. As marrequinhas ( Dendrocygna discolor ) também, debaixo das noites escuras e principalmente chuvosas, advertem o navegante, numa revoada coletiva, que elas deslizam na corrente sobre um tronco de pau. O grito da marreca pela proa do navio indica, pois, uma árvore flutuante. Isto determina o sustamento da marcha dos vapores na rede hidrográfica da bacia amazônica. FONTE: MORAIS, Raimundo. O homem do Pacoval . São Paulo: Companhia Melhoramentos, [193?]. p. 247.   Marrecas Álbum de Aves Amazônicas - 1900-1906 Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930)

Samambaias

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         [...]. Entretanto, ia anoitecendo, e começou a cair uma chuvinha que se foi tornando cada vez mais forte e, de repente, a noite nos envolveu com o seu véu impenetrável. Fizemos pouso perto de um arroio, e, em poucos minutos, armamos um abrigo com ripas, cobrindo-o com folhas de palmeiras derrubadas, e preparamos os nossos leitos, amontoando camadas de samambaias.   FONTE: SPIX. J. B. von; MARTIUS, C. F. von. Viagem pelo Brasil : 1817-1820. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. v. 2, p. 253-254. (Edições do Senado Federal, v. 244-B). Samambaia. ( Adiantum sp.) Sir William Jackson Hooker. 1862. Desenho de Walter Fitch. www.biodiversitylibrary.org

Curica

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     Outro verde filho do vale amazônico, tendo a fronte, freio e sobrancelhas azuis e de igual cor, mas um tanto denegridas, as remiges. [...].           Além do nome já citado e sua variante curuca, é chamado aiuru-curuca, papagaio-do-mangue, papagaio-poaieiro, etc.         Os curicas gostam das matas que bordejam os rios e vão até os mangues, onde por vezes são encontrados seus ninhos.              Reúnem-se quase sempre em bandos enormes e formam na floresta verdadeiras algazarras. [...].    Habita a Amazônia, mas Natterer e o Príncipe de Wied dizem tê-lo visto no Estado do Rio. FONTE:  SANTOS, Eurico. Da ema ao beija-flor: vida e costumes das aves do Brasil. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1938. p. 219. Curica Descourtilz, J. T. Oiseaux brillans du Brésil , 1834. www.biodiversitylibrary.org

Os festões das Passifloráceas

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             [...] Chamou-nos a atenção o pitoresco e inusitado aspecto apresentado pelas margens do rio quando o sol despontou. O curso d´água, embora não passasse de mero afluente do Amazonas, era mais largo que o Tâmisa. As margens mostravam-se ininterruptamente revestidas de densa floresta. Os mangues apareciam com frequência, com suas raízes que desciam dos galhos buscando a água, de aspecto bastante curioso. Pudemos ver os frutos de algumas dessas árvores, dos quais saía um rebento que descia até a água, constituindo, uma raiz secundária da árvore-mãe. Atrás dessa vegetação de alagadiços, erguiam as grandes árvores da floresta, entremeadas de açaís, miritis, e outras palmeiras, enquanto que os festões das passifloráceas e convolvuláceas pendiam até à superfície da água.   FONTE: WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelos rios Amazonas e Negro . Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1979. p. 38.; il. (Reconquista do Brasil, v. 50). Maracujá ( Passiflor

Frutos do Marajó

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            Vencida a parte sudoeste da ilha, começam a surgir nos taludes ribeirinhos os taperebás ( Spondias lutea ), excepcionais como vinhos e sorvetes. Já nos Estreitos de Breves, na parte côncava dos barrancos, avulta a família numerosa dos ingás. Aqui o ingá-chichica ( Inga heterophylla Willd.), ali o ingá-cipó ( Inga edulis Mart.), acolá o Ingá-de-fogo ( Inga velutina Willd.). A eles se mistura, de longe em longe, visto não ser palmeira amante do sol, a bacaba ( Oenocarpus distichus , Mart.) nas suas variadas manifestações. Junto a ela, isolado sempre, distingue-se o jenipapo ( Genipa americana L.) [...]. FONTE: MORAIS , Raimundo. O homem do Pacoval . São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, [1939]. p. 253-254. Taperebá ( Spondias lutea ). Kerner, J. S. Hortus sempervirens, v. 75, 1829. www.plantillustrations.org

As suntuosas Victorias régias

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            O lago enorme parecia ter segredos que procurava esconder aos olhos humanos. Uma grande moita de arbustos ocultava a entrada de um furo estreito a correr serpenteando entre galhos e cipós. Depois aparecia outro lago pequenino e sombreado, onde mal penetravam as réstias da luz, e onde havia um silêncio maior, mais amplo, mais profundo - um abafado silêncio de templo ao abandono.      As árvores marginais, elevadas e vetustas, estendiam densa penumbra, que dava à água represa um tom luzente e negro.        E sobre a água, na religiosa mudez do recanto, na tristeza dos ramos curvados, na misteriosa quietude da mata - flutuavam grandes folhas circulares, e surgiam, no esplendor e na doçura das pétalas brancas, suntuosas victorias régias. [...]. FONTE:    PINHEIRO, Aurélio.  À margem do Amazonas . São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937. p. 123-124. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 86). Victoria regia Marianne North.  Paintings . t. 1 www.plantillu