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Mostrando postagens de outubro, 2019

Pupunha

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Sobre a Pupunha, comenta Raimundo Morais: A pupunha, verdadeiro pão silvestre, gostosa, cheia de vitaminas, capaz de sustentar uma nação, possui tal prestígio nos meios aborígenes que o índio, tendo-a por sagrada, fruta do céu, não a derruba jamais. Seu machado de pedra nunca remorde aquele cerne augusto, obra de Tupã no seio da Natureza... Paulo B. Cavalcante explica que a "Pupunha( Bactris gasipaes ) é uma palmeira com estipe ereto, chegando aos 20m de altura e 15-25cm de diâmetro, nos indivíduos adultos. Seus frutos, após cozidos com sal, são consumidos com mel, ou açúcar, porém, com café é a forma mais usual... É importante ressaltar que os frutos são ricos em proteínas, carboidratos e vários elementos minerais, como cálcio, ferro, fósforo, entre outros, e em um alto teor de vitamina A". FONTES: CAVALCANTE, Paulo B. Frutas comestíveis na Amazônia. 7. ed. rev. atual. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2010. p. 215-216. MORAIS, Raimundo: Amphith

Jacamim, "o juiz de paz" do terreiro

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"O jacamim é, realmente, o "juiz de paz" do terreiro. Vindo da floresta, onde entoa um gemido assustador, ele trouxe para a vida familiar um generoso sentimento de concórdia e colaboração. A natureza o dotou da plumagem de um pássaro, mas logo depois, como se quisesse retificar-lhe o destino e dar-lhe função doméstica, acrescentou-lhe ao corpo as canelas finas de um galináceo. [...]. Na luta entre o pato e o peru, ou entre galos desordeiros, surge sempre o jacamim com sua autoridade, distribuindo bicadas entre os contendores e fazendo voltar a paz ao terreiro em revolução. Se uma galinha desaparece ou morre, abandonando a prole, o jacamim agacha-se, carinhoso, oferecendo o agasalho de seu corpo aos pintainhos. Quando se aproxima o dono da casa, o jacamim vem envolver os seus pés com a carícia de suas asas, e procura distrair os seus ouvidos com seus gemidos noturnos, mas revestidos de certa harmonia. Entre os índios e os paroaras, esta ave interessante é considerada

Cuias

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"A cuieira é árvore muito comum nos quintais das casas do interior, pois a cuia que ela fornece é utensílio de variadíssimas aplicações. Não tem somente as aplicações da cuia usada nos Estados do Sul, fruto de cucurbitáceas, muito conhecidas, mas muitas outras. Nas canoas e montarias, ela é indispensável, como o remo. As pequenas canoas quase todas fazem água, ou por serem  mal calafetadas, ou por serem rasas, de modo que tomam água pelos bordos quando se inclinam um pouco. A cuia é o copo, é o prato, é a vasilha mais utilizada em casa do caboclo. São célebres as cuias ornadas de Santarém e a habilidade com que são trabalhadas ali". LUSTOSA, Antônio de Almeida. No estuário amazônico : à margem da visita pastoral. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1976. p. 174. Cuia ( Crescentia cujete) E. Descourtilz. Flore pittoresque et médicale des Antilles.  1827. Ilustração de J. Th. Descourtilz. www.plantillustrations.org

Aguapé

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[...]. A respeito de aguapé, escreveu o notável Gen. Couto de Magalhães: "... e não se distingue o rio dos pantanais, senão porque as águas destes últimos são literalmente cobertas de plantas aquáticas, e tão completamente, que, a quem não tem experiência, se afigura que toda aquela verdura brota de um solo firme e fica muito longe de pensar que aquele tapete de ervas tem por baixo de si, às vezes, cem palmos de água. Os pantanais não são mais do que as fontes em que a água está coberta pelas plantas aquáticas de que acima falei, em um tecido tão basto e compacto que um homem deitado em cima se sustenta: e tanto é assim que, quando nas primeiras enchentes o rio destaca algum pedaço deste imenso tapete para arrastá-lo em sua serena e vagarosa corrente, os tigres costumam embarcar em cima, e assim viajar dias: a planta que forma este tecido é uma espécie de lírio aquático de flores brancas em cachos, com o cálice da corola às vezes roxo, às vezes cor-de-rosa; é conhecida pelo

Um ambiente fantástico

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"A região ferocíssima do rio-mar é prodigiosa em lendas e em mistérios deslumbrantes. O ambiente é fantástico e propício à criação de quantos mitos, que enchem a grandiosa planície. Há, de contínuo, um desenrolar de histórias de assombramentos, que descem rio abaixo, de seringal em seringal, de maloca em maloca. O caboclo é um crente obstinado de coisas espantosas. Ele atravessa a mata, com a intrepidez de um Hércules. É um desassombrado, na luta insana contra uma natureza insalubre. É capaz de afrontar as feras mais perigosas, as cobras mais traiçoeiras, os jacarés mais valentes e matreiros, os botos mais terríveis e cambalhotantes. Tem o heroísmo de todos as bravuras imagináveis. É o desbravador indômito de uma floresta bravia. Derruba árvores gigantes, despedaça todos os empecilhos em sua passagem, e abre estradas em plena mata virgem. De sol a sol, dias inteiros, e, às vezes, noites a fio, vive nas catedrais das florestas, alimentando-se das caças e das pesca