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Mostrando postagens de junho, 2019

Uma planta deslumbrante

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"Sopra um vento muito forte, enquanto o barco avança agitado, subindo e descendo na água, através dos vastos lagos. Deixamos o Lago Andirá logo depois do meio-dia, e entramos uma vez mais pelo estreito canal. A seguir já vai vir o paraná e começaremos a subir a corrente, mas ainda teremos que avançar algumas horas antes de chegarmos a Barreirinha. Não posso impedir Manoel de seguir mais depressa, embora normalmente sua velocidade seja bem moderada. [...]. Chegamos à embocadura do Andirá com mau tempo. Soprava uma ventania impetuosa, mas apesar dela, continuamos nossa rota, até que o céu ficou ameaçador demais, e os trovões ribombavam. Temendo uma repetição de nosso desastre na Baía de Sapucaia, atracamos numa árvore caída e ali ficamos até passar a tormenta. Então partimos, mas logo depois enfrentamos outro aguaceiro torrencial. No auge da tempestade, avistei um belíssimo catasetum em flor, no alto do tronco de uma grande árvore. Diante dela havia uma barreira de capim flutuan

Exuberância tropical

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"Depois que atravessamos o trópico, a natureza parece confirmar a divisão geográfica. Ela mostra-se em toda sua exuberância tropical com fortes e fartas cores. Opulentas matas e densos silvados se apresentam à vista. Aqui e ali surge um pouco de campina, plantas aquáticas de largas folhas, com flores arroxeadas vicejam à margem do rio e flutuam sobre as ondas que sobem e descem à proporção que o vapor desliza. A fauna mantêm-se quieta, de vez em quando assustamos uma garça ou um grupo de patos. [...]". Karl von den Steinen (1855-1929). O Brasil Central . 1942, p. 45.   Aguapé. Eichhornia crassipes . Revue horticole , serie 4, 1852-1874. Desenho de J. Endes. www.plantillustrations.org

O tucano "Flor da Mata"

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"É de justiça que eu comece pelo Flor da Mata, nome do tucano que mora no quintal aqui de casa. De manhãzinha, quando acordo (ainda na cama, que se fez da altura do parapeito da larga janela, para que dela, mesmo deitado, a gente possa ver o rio), dou com ele me espiando do alto da goiabeira, seu lugar preferido. Flor da Mata anda pelo quintal todo, aos pulos. Mas vez por outra surge no salão de visitas (é assim que aqui se chama sala de estar) e pula para cima da mesa. Ele é delicado, mas não gosta de intimidades. Impõe respeito. Ninguém implica com ele. [...]. Pelo contrário, se alguém se mete a enxerido, Flor da Mata avisa com o peito roliço dourado que não está de brincadeira. A verdade é que ele é de boa índole, seu coraçãozinho se inclina para a paz. Arroz, manga, banana e melancia não lhe faltam. Gosta de tomar o seu banho no tanquezinho especial, bem raso e rente ao chão. Não gosta é de pipiras assanhadas, que lhe vêm pousar na borda da cuia de comer, pendurada num g

Um minúsculo beija-flor

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"Havia uma profusão de beija-flores nas laranjeiras e pomares das redondezas, mas só distingui três espécies. Certo dia vi um minúsculo espécime pertencente ao gênero Phaethornis tomando banho num regato; estava empoleirado num fino ramo cuja ponta se enfiava dentro d´água. Ele mergulhava, depois ruflava as asas e alisava as penas, dando a impressão de que se divertia muito sozinho ali naquele ensombrado cantinho protegido pelas largas folhas das samambaias e Heliconiae. Ao observá-lo refleti que os poetas não precisavam inventar elfos e gnomos uma vez que a Natureza colocava ao alcance da nossa mão tão minúsculos e maravilhosos seres". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. 1979, p. 72). Beija-flor em Heliconia  Gould, J. A monograph of the Trochilidae, or family of humming birds . v. 2, t. 110, 1861.  www.plantillustrations.org