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Mostrando postagens de abril, 2019

Uma linda Loranthaceae

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"No dia seguinte, Paulo nos levou à Reserva Biológica das Anavilhanas. Um dos guardas da reserva nos levou de canoa para explorar o arquipélago, onde consegui fazer rapidamente alguns esboços. Um dia, levantei-me cedo após ter sido acordada pelos gritos dos papagaios e tucanos. Passei toda a manhã pintando - uma linda Loranthaceae, uma das verdadeiras plantas parasitas que florescem nos arbustos e árvores do igapó. As flores amarelas e laranjas brilhantes atraem bandos de beija-flores e continuam a florescer mesmo quando seus frutos azuis e cereja começam a brotar. Após almoçarmos piranhas (Paulo havia pescado algumas naquela manhã), a Sue e eu remamos pelo igapó ao lado da casa do Gilberto, onde tentei colher uma bromélia Streptocalyx longifolius, porém bastou encostar levemente com minha faca, que um bando de formigas furiosas nos atacou. Como a flor estava bem fresca, decidi aguardar até o dia seguinte". Margaret Mee (1909-1988). Flores da floresta amazônica : a arte b

Lendas e Histórias da Amazônia: A Vitória-régia

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"A lenda da Vitória-régia é uma original história de procedência indígena, coligida por Lindley. Havia numa tribo do Amazonas, linda cunhã que embora recebesse o carinho e amizade de todos de sua taba considerava-se muito infeliz. Durante a noite punha-se a fitar o céu, cheia de nostalgia, contemplando miríades de pontos reluzentes, que eram mulheres transformadas em estrelas pelo amor do astro noturno. Todos os anos a lua descia dos páramos celestes, escolhendo na terra as virgens de sua predileção e com elas se envolvia no manto acolhedor das nuvens, antes de transfigurá-las em constelações. A moça, apesar de seus atrativos físicos, não merecia a atenção do volúvel amante. Uma noite, indo banhar-se nas águas do lago, viu a imagem do bem amado cintilando no espelho líquido, e nas linfas se atirou num paroxismo amoroso. O luar coava-se pelas árvores da mata adormecida, quando o corpo da cunhã, com os cabelos coroados por uma grinalda de flores roxas do aguapé, pairava eterna

Nesse mudo império vegetal...

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"O sol subia, resplandecia no horizonte sem nuvens, faiscando, iluminando a macia paisagem. Um bando inquieto de ciganas, grasnava entre os galhos das árvores. Adiante, no alto de uma sumaumeira, no meio de casas brancas de cabas, japiins voavam em torno dos ninhos que pendiam como sacolas; e um jacaré monstruoso, tão velho que o limo aderia de vez à córnea armadura, repousava sobre a relva junto ao barranco estirado, flácido, indolente e gozando o calor daquele sol maravilhoso. Aqui e além surgiam na água parada focinhos caninos de lontras, dorsos de patos selvagens, corpos rebrilhantes de peixes, perfis esguios de marrecas - toda uma forma esperta, esquiva, fugaz, a procurar alimento e a defender-se do mais forte. Na mata escura havia um sossego profundo, como se todos os seres que a habitavam fugissem de súbito à luz que traspassava a densa folhagem. Tudo debandava à claridade do dia, e apenas um grupo esvoaçante de borboletas rodopiava numa clareira de restinga. A

Aves aquáticas

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"[...]. Pontilhando de imaculada alvura as margens dessas lagoas efêmeras, é muito comum verem-se bandos enormes de garças, como também incrível abundância de outras aves, como os biguás, os socó-bois, dotados de extravagantes e imensos bicos, jaburus e uma imensidade de pássaros aquáticos, que montam guarda à espreita duma oportunidade para fazer as suas pescarias... Ali, à tardinha chegam ainda bandos de patos silvestres, para refrescar-se e buscar também alimento, enquanto as saracuras emitem seu irritante grasnar escondidas dentro dos brejos. Pendem das galhadas vários ninhos de diferentes formatos: uns imitam complicados cestos pequeninos, outros se assemelham a funis fabricados de gravetos, ainda outros que se parecem com pilhas simétricas de palitos superpostos; à entrada dos quais seus moradores, os sabiás, o alegre poaieiro, a perdiz e outros, se despedem do dia, lançando ao ar todo o encantamento de suas harmoniosas notas. Quando escurece, começa o curiango a gemer,