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Mostrando postagens de março, 2019

Os "furos" e sua vegetação característica

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"Nas  beiras dos "furos" que recortam a vasta planície estendida a oeste da I. de Marajó, entre o estuário do Pará e o do Amazonas, aparece ainda em muitos lugares a vegetação característica das aluviões mais recentes: os troncos cônicos, verdes, coroados por um bouquet de largas folhas, alinhados verticalmente, da aninga ( Montrichardia arborescens Scott - Araceas), alternam com o cerrado de galhos alongados, tortuosos e espinhosos, mal cobertos de folhas muito miúdas e cinzentas do Aturiá ( Drepanocarpus lunatus Mey. - Leguminosas; ilhas flutuantes de Mururés ( Eichornia , esp. div. - ) e Canarana ( Panicum amplexicaule Rudge - Graminea) deslizam na correnteza, ou são mantidas pelo vento encostadas nos barrancos ou nas praias". Paul Le Cointe (1870-1956). O Estado do Pará: a terra, a água e o ar. 1945, p. 190. Montrichardia arborescens .  M. E. Descourtilz. Flore médicale des Antilhes . v. 3, t. 161, 1827.  Desenho de J. T. Descourtilz.  www.plantillu

O Japiim e as vespas

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O japiim é uma vistosa ave, negra e amarela, de cerca de trinta e três centímetros da ponta da cauda à ponta do bico. Seus ninhos, em feitio de bolsa, acham-se sempre pendurados nas árvores onde existem os ninhos de certas vespas muito agressivas. O indígena, curioso observador, começou a indagar a si mesmo a razão pela qual o japiim aninhava-se na vizinhança das vespas. E tanto indagou que lhe saiu da cabeça esta curiosa história. Houve um tempo, não se sabe bem quando, em que as aves se desavieram com os japiins, porque estes arremedavam os seus cantores. Bastava um japiim se arredar do ninho em busca de alimento, para que qualquer ave lhe depredasse o ninho e lhe quebrasse os ovos ou matasse os filhotes implumes. Já ia se extinguindo a raça dos japiins quando foram queixar a certas vespas, chamadas apiacás e com as quais entretinham relações de amizade, da desgraça que afligia a espécie. Contaram toda a história da tremenda conspiração das aves contra os japiin

Aguapé

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"Nas enseadas rasas dos grandes lagos de várzea, nos recantos calmos dos lagos de terra firme bem abrigados pelas matas marginais, nos furos, canais e paranás estreitos cujas águas ficam quase imobilizadas no tempo do verão pela obstrução parcial das suas bocas, enfim em todos os lugares onde as águas pouco profundas se acham preservadas da ação violenta do vento e da correnteza, crescem numerosas plantas enraizadas no solo submergido, umas verdadeiramente aquáticas, cobrindo a superfície da água com suas largas folhas flutuantes, outras anfíbias, elevando fora d´água as pontas eretas de suas compridas folhas e dando, a primeira vista, a impressão de um viçoso prado. As primeiras são geralmente designadas, de um modo bastante confuso, pelos nomes de: apé, uapé, aguapé, mururé (ou mais corretamente, murerú (de mú-rurú , na Língua Geral "tornar molhado, molhar"). [...]". Paul Le Cointe (1870-1956). O Estado do Pará: a terra, a água e o ar: a fauna e a flora, min

Os brilhantes matizes das folhas

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"Em muitos trechos do canal muito me encantaram os brilhantes matizes das folhas, ostentando toda a variedade das cores outonais que se observam na Inglaterra. Mas aqui a causa era outra: as folhas estavam brotando, ao invés de caírem. Ao se entreabrirem, eram rosadas; depois, iam-se tornando escarlates, marrons e, por fim, verdes. Haviam também as amarelas, as de tonalidades ocre, as que tinham cor de cobre, etc., formando um curioso contraste com as várias gradações de verde e compondo um conjunto de belíssimo aspecto". Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagens pelos rios Amazonas e Negro. 1979, p. 92. Folhas e flores da Amazônia. Arte de Catherine Abel www.pinterest.com

A Mamorana

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"Talvez a mais típica destas árvores-arbustos das beiradas dos furos é a Mamorana ( Pachira aquatica Aubl.), Bombacea de folhas digitadas dum verde escuro, com flores brancas ou levemente rosadas de pétalas e de estames muito compridos, e com grandes cápsulas lenhosas bruno-avermelhadas. Esta árvore, mesmo plantada em terra firme, onde chega a um tamanho respeitável, tem sempre a tendência de curvar o seu tronco. Na beira dos furos, o tronco fica completamente deitado sobre a água, ramificando-se geralmente à maneira de um arbusto. Em todos os furos se encontram, muitas vezes alternando com os aturiás e as aningas nas convexidades das beiras, estes arbustos debruçados sobre a água". Jacques Huber (1867-1914). Contribuição à geographia physica dos furos de Breves e da parte occidental de Marajó. Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia (Museu Goeldi), Belém, t. 3, fasc. 1-4, p. 484, 1902. Mamorana. (Pachira aquatica) L. von Panhuys. Waterclours o

Grinaldas de baunilha

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"Na beira dos numerosos canais e igarapés que atravessam a região das Ilhas a oeste de Marajó muitas árvores são ornadas de grinaldas de Baunilha que pendem do alto dos galhos e se cobrem de flores amareladas e brancas no mês de fevereiro. Esta baunilha é a Vanilla aromatica Sw., espécie bastante frequente e espalhada sobre uma grande parte da América tropical. [...]. Segundo alguns autores, as vagens da Vanilla aromatica não teriam, apesar deste nome, nada de aromático; mas o contrário me foi afirmado na região onde encontrei a planta em maior abundância. [...]". Jacques Huber. Vanilla aromatica Swartz (Orchidaceae). Baunilha. Arboretum amazonicum: iconographia dos mais importantes vegetaes espontâneos e cultivados na região amazônica. 2a Década. 1900, p. 9. Vanilla sp. Revue horticol e. série 4, v. 28, 1856. www.plantillustrations.org