Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2019

Um quê de cenário teatral

Imagem
"Como a manhã está muito clara, as massas de vegetação destacam-se em vários planos e há um quê de cenário teatral nesses amplos panos de verdura e bambolinas, muito verdes recortadas sobre o azul do céu. Numa delas, pousa imóvel um maguari. Por todos os lados, surgem fustes de palmeiras. São inajás portentosas, bosquetes de jauaris, esguias urucuris, marajás, tucumãs, patauás... Aqui e ali, acairelando as ilhas, uma ou outra ponta de areia branca ou atijolada, onde se esgalham araçazeiros em flor, e depois, araparis e, também, tortuosas mongubeiras". FONTE: CRULS, Gastão. A Amazônia que eu vi : Óbidos - Tumucumaque. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938. p. 53. (Bibliotheca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 118). Maguari Leop. Jos. Fitzinger. B ilder-Atlas zur Wissenschafthich - Popularen naturgeschichte der Vögel in ihren Sämmtlichen hauptformen. 1864. www.biodiversitylibrary.org

Animais que valem por termômetros

Imagem
Raimundo Morais comenta: "[...]. A saracura, verbi gratia , num canto metálico, ao surgir do dia e ao cair da noite, anuncia, mesmo nas quadras chuvosas, o tempo seco; o sapo, ao contrário, após tardes luminosas, com a terra comburida, prediz coaxando, o tempo úmido; a maria-já-dia, antes de qualquer outro pássaro, revela, num trinado que lhe reproduz o nome, a aurora ainda mergulhada no horizonte; a juruti, numa nota magoada e sentida, melancólica, prevê tristemente a vizinhança da noite; outro animal, o marrecão, meio pato e meio ganso, de ouvido sensível e faro fino é um guarda excelente. Ao sentir qualquer estranho se aproximar do terreiro da casa em que vive, grita, dá o alarme, como aqueles famosos gansos do Capitólio. [...]". E Eurico Santos relata: "Há, a propósito das aves, observações curiosas. Em matéria de medir o tempo e saber seguramente a hora, já que não é possível telefonar para o Observatório As tronômico, o povo do interior apela para o

Alfred Russel Wallace e sua chegada em Belém do Pará

Imagem
"[...]. Depois de muito pesquisar, finalmente conseguimos encontrar uma casa para nós. Ficava em Nazaré, a cerca de uma milha e meia a sul da cidade, defronte a uma encantadora capelinha. Logo atrás dela começava a floresta, oferecendo excelente locais para coleta de pássaros, insetos e plantas. Era uma casa de um só pavimento, com quatro quartos e uma extensa varanda rodeando-a inteiramente. O simples fato de percorrê-la consistia num longo e agradável passeio. No quintal havia laranjeiras, bananeiras, árvores frutíferas e silvestres, cafeeiros e pés de mandioca. Isidoro logo tomou posse de um velho barracão de adobe, transformando-o em sede de suas atividades culinárias. Quanto a nós outros, logo nos acostumamos a trabalhar e tomar as refeições na varanda, raramente usando os cômodos internos, a não ser para dormir. [...]". Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagens pelos rios Amazonas e Negro. 1979, p. 27-28. Capela em Nazaré, próximo a Belém do Pará Alfred R

Pindorama (Terra de Palmeiras)

Imagem
Diz Raimundo Morais em Paiz das Pedras Verdes: "Existem certos nomes na língua geral, nesse curioso tupi-guarani, que possuem predicados sonoros, ondulações léxicas agradáveis ao ouvido. Antes mesmo de se lhes conhecer a significação, quase lírica, já se percebe alguma coisa de belo nas sílabas orquestradas dos vocábulos. Pindorama, que significa País das Palmeiras, é um deles. O termo guarda, na ressonância clara, a nota panorâmica, o sentido pagão de Flora, os encantos artísticos e plásticos dos flabelos, das ventarolas, dos leques, das plumas, das palmas, dos penachos, que se abrem sobre os caules hieráticos desses fidalgos vegetais; e ainda parece ter sido idealizado por algum trovador silvestre perdido entre os tufos de folhagem da nossa verdoenga Planície. E se um simples nome nos arrasta ao devaneio, enredando-nos o pensamento nos cipós e nas guirlandas florestais, avalie-se o que não sucede ao sábio estrangeiro, alheio a este turbilhão de plantas, a esta repúbli

Arapaçus

Imagem
Diz Deodato Souza sobre os Arapaçus: Não confunda estas aves (família Dendrocolaptídeos) com os Pica-paus, que tomam a mesma atitude quando pousam num tronco; os Arapaçus caçam insetos, sem martelar com o bico, nos troncos das árvores, subindo por eles, e depois voando para recomeçarem em outra árvore, por baixo. A sua cor geral não varia muito, é sempre castanha, mais clara ou mais escura. São muitas espécies, difíceis de distinguir; observe  sempre o tamanho e a forma do bico, que é a melhor característica de identificação... O enorme bico, ligeiramente curvo do Pica-pau-de-bico comprido ( Nasica longirostris ) permite identificá-lo. É a maior espécie da família e vive nas florestas da Amazônia. Manuel Nunes Pereira narra interessante história envolvendo essa ave: O pássaro conhece uma raiz, que abre todas as coisas; quem quiser possuí-la tapa o ninho da ave e o Uirapaçu vai logo buscar a tal raiz para salvar os filhotes; então, espanta-se a ave, que deixa cair a raiz m