Animais que valem por termômetros
Raimundo Morais comenta:
"[...]. A saracura, verbi gratia, num canto metálico, ao surgir do dia e ao cair da noite, anuncia, mesmo nas quadras chuvosas, o tempo seco; o sapo, ao contrário, após tardes luminosas, com a terra comburida, prediz coaxando, o tempo úmido; a maria-já-dia, antes de qualquer outro pássaro, revela, num trinado que lhe reproduz o nome, a aurora ainda mergulhada no horizonte; a juruti, numa nota magoada e sentida, melancólica, prevê tristemente a vizinhança da noite; outro animal, o marrecão, meio pato e meio ganso, de ouvido sensível e faro fino é um guarda excelente. Ao sentir qualquer estranho se aproximar do terreiro da casa em que vive, grita, dá o alarme, como aqueles famosos gansos do Capitólio. [...]".
E Eurico Santos relata:
"Há, a propósito das aves, observações curiosas.
Em matéria de medir o tempo e saber seguramente a hora, já que não é possível telefonar para o Observatório As tronômico, o povo do interior apela para o inhambu-relógio que canta à horas certas. [...].
Na Amazônia, dizem que nos primeiros dias, quando Ceuci, ou sejam as Plêiades, ao anoitecer, está quase na linha do horizonte os pássaros dormem nos poleiros mais altos.
Dizem mais que, quando aquelas estrelas surgem, vem a friagem e a chuva, e quando desaparecem, as cobras perdem a peçonha.
O aracuã, também um galiforme da grei dos mutuns, marca com precisão a hora de despertar, levantando enorme alarido pela manhã e à hora em que cai a noite, como se a Natureza lhe houvesse dado a tarefa de acordar o Sol e mandá-lo recolher.
O téu-téu, uma ave amazonense de olhos cor de fogo e que tem aparência do nosso quero-quero, dos pampas, é amigo de cantatas ao luar.
Nas noites enluaradas entoa uma cantilena, um tu-u de melancólico encanto. [...].
Nossas aves também se aperfeiçoaram na arte de prever o tempo.
Na Amazônia, todos sabem que, quando o amanaci canta, é prenúncio de chuva e, daí, advêm o nome mais vulgar de mãe-da-chuva.
As saracuras, quando muito se apuram nas cantigas, e a seriema, também quando se excede nos gritos, estão prevendo chuva. [...]".
FONTES:
MORAIS, Raimundo. Paiz das pedras verdes. Manaus: Imprensa Pública, [1952], p. 72.
SANTOS, Eurico: Histórias, lendas e folclore de nossos bichos. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1957, p. 13-15.
Em matéria de medir o tempo e saber seguramente a hora, já que não é possível telefonar para o Observatório As tronômico, o povo do interior apela para o inhambu-relógio que canta à horas certas. [...].
Na Amazônia, dizem que nos primeiros dias, quando Ceuci, ou sejam as Plêiades, ao anoitecer, está quase na linha do horizonte os pássaros dormem nos poleiros mais altos.
Dizem mais que, quando aquelas estrelas surgem, vem a friagem e a chuva, e quando desaparecem, as cobras perdem a peçonha.
O aracuã, também um galiforme da grei dos mutuns, marca com precisão a hora de despertar, levantando enorme alarido pela manhã e à hora em que cai a noite, como se a Natureza lhe houvesse dado a tarefa de acordar o Sol e mandá-lo recolher.
O téu-téu, uma ave amazonense de olhos cor de fogo e que tem aparência do nosso quero-quero, dos pampas, é amigo de cantatas ao luar.
Nas noites enluaradas entoa uma cantilena, um tu-u de melancólico encanto. [...].
Nossas aves também se aperfeiçoaram na arte de prever o tempo.
Na Amazônia, todos sabem que, quando o amanaci canta, é prenúncio de chuva e, daí, advêm o nome mais vulgar de mãe-da-chuva.
As saracuras, quando muito se apuram nas cantigas, e a seriema, também quando se excede nos gritos, estão prevendo chuva. [...]".
FONTES:
MORAIS, Raimundo. Paiz das pedras verdes. Manaus: Imprensa Pública, [1952], p. 72.
SANTOS, Eurico: Histórias, lendas e folclore de nossos bichos. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1957, p. 13-15.
Jacu - Aracuã - Inhambus diversos - Sururina - Uru - Capoeira. Álbum de aves amazônicas 1900-1906 Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930) |
Comentários
Postar um comentário