Aves aquáticas


"[...]. Pontilhando de imaculada alvura as margens dessas lagoas efêmeras, é muito comum verem-se bandos enormes de garças, como também incrível abundância de outras aves, como os biguás, os socó-bois, dotados de extravagantes e imensos bicos, jaburus e uma imensidade de pássaros aquáticos, que montam guarda à espreita duma oportunidade para fazer as suas pescarias... Ali, à tardinha chegam ainda bandos de patos silvestres, para refrescar-se e buscar também alimento, enquanto as saracuras emitem seu irritante grasnar escondidas dentro dos brejos.
Pendem das galhadas vários ninhos de diferentes formatos: uns imitam complicados cestos pequeninos, outros se assemelham a funis fabricados de gravetos, ainda outros que se parecem com pilhas simétricas de palitos superpostos; à entrada dos quais seus moradores, os sabiás, o alegre poaieiro, a perdiz e outros, se despedem do dia, lançando ao ar todo o encantamento de suas harmoniosas notas. Quando escurece, começa o curiango a gemer, entristecendo o ambiente com os seus lastimosos queixumes e pondo uma nota de nostalgia na noite silenciosa da floresta virgem". Eduardo Barros Prado. Eu vi o Amazonas. 1952, p. 385-386.


Maçarico e Maçaricões (Detalhe)
Álbum de Aves Amazônicas. 1900-1906
 Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930)

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