Uma paisagem com plenitude resplandecente
[...]. Tudo é vida; animais e plantas em gozo, na luta. Às sete horas, o sereno começa a desaparecer, o terral enfraquece e logo se nota o calor que aumenta. O sol sobe rapidamente, a prumo, no céu claro e de um azul transparente no qual as nebulosidades são uniformemente dissipadas, até que, pouco mais tarde, baixinho no horizonte ocidental, começam a formarem-se nuvens pequenas, branquinhas, estas se prolongam em direção ao sol e pouco a pouco estendem-se longe no firmamento. Cerca das nove horas a campina está seca; a mata aí está no brilho das folhas de loureiros; flores abrem-se, outras já estão esgotadas pelo gozo do amor. Uma hora mais tarde, as nuvens já estão amontoadas alto e formam densa mata, que às vezes passam pelo sol, escurecendo-o e refrescando, que domina a paisagem com plenitude resplandecente. As plantas palpitam sob os raios tórridos do sol; abandonam-se esquecidos ao forte estímulo. Besouros dourados e beija-flores zumbem alegres aproximando-se, na margem, as borboletas e libélulas exibem um jogo de cores; os caminhos pululam de formigas que em filas compridas carregam folhas para a sua casa.
FONTE:
SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. Fr. von. Viagem pelo Brasil (1817-1820). Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. v. 3. p. 20. (Edições do Senado Federal, v. 244-C).
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