As suntuosas Victorias régias

         O lago enorme parecia ter segredos que procurava esconder aos olhos humanos. Uma grande moita de arbustos ocultava a entrada de um furo estreito a correr serpenteando entre galhos e cipós. Depois aparecia outro lago pequenino e sombreado, onde mal penetravam as réstias da luz, e onde havia um silêncio maior, mais amplo, mais profundo - um abafado silêncio de templo ao abandono.

    As árvores marginais, elevadas e vetustas, estendiam densa penumbra, que dava à água represa um tom luzente e negro.

     E sobre a água, na religiosa mudez do recanto, na tristeza dos ramos curvados, na misteriosa quietude da mata - flutuavam grandes folhas circulares, e surgiam, no esplendor e na doçura das pétalas brancas, suntuosas victorias régias. [...].

FONTE: 

 PINHEIRO, Aurélio. À margem do Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937. p. 123-124. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 86).


Victoria regia
Marianne North. Paintings. t. 1
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