Toda a pujança da Natureza Tropical

        Naquela manhã a natureza toda como que se preparara para nos receber. As sumaumeiras gigantes mais se agigantaram no porte e soltaram aos ventos macios sua cabeleira frondosa. Os mulateiros, despojados de sua casca ressequida ergueram-se viris e sobranceiros. Os taxizeiros cobriram-se de flores, umas ainda de cor de creme, outras já avermelhadas, todas pontilhando a floresta de cores vivas e radiosas.         Os cipós, brincalhões e irrequietos, trepavam pelos troncos portentosos ou se dependuravam nos galhos como serpentinas desenroladas, vindo por vezes mergulhar no remanso das águas ou se perder no meio dos matupás. As mungubeiras, os galhos desfolhados e pendentes de frutos vermelhos, soltavam no ar mil flocos de paina que levados pela brisa, acabavam pousando de leve na superfície das águas. E seguiam tranquilos a correnteza do rio.

         Por todos os lados as orquídeas maravilhosas, de mil espécies diferentes, enfeitavam ainda mais os galhos coloridos da mataria. E, sobre as águas paradas, esparramavam-se orgulhosas, as vitórias-régias, com suas folhas enormes e suas flores gigantes e belas a sintetizarem em sua formosura e em seu deslumbramento todo o fulgor e toda a pujança da natureza tropical!

FONTE:

PEREIRA , Jayme R. Amazônia: impressões de viagem. São Paulo: Civilização Brasileira, 1940. p. 68. 


Pintura de Martin Johnson Heade (1819-1904)


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