Uma floresta tropical
[...]. No decurso de nossa interminável marcha através da floresta imensa, perfurada pela grande picada, as paisagens se sucediam numa variedade maravilhosa de coloridos, mas sempre caracterizadas por impressionante grandiosidade! Passávamos entre alamedas de enormes árvores, circundadas de fetos e ligadas por grossas lianas (cipós), que se entremeavam pelos troncos e pelas galhadas, até os pontos mais elevados das copas. Por todos os recantos viam-se flores as mais variadas na forma e nas cores, raramente faltando à beleza natural dos quadros a benfazeja corrente de um igarapé para completar a amenidade daquelas paisagens. As maravilhas da Natureza, aliadas à calma reinante nos silenciosos ermos, infundia um desejo incontido de lassidão, que convidava, por vezes, a um abandono completo de si mesmo...
A enorme distância que nos separava do bulício das grandes cidades, tornava aprazível e despreocupada a nossa estada ali, se bem que compreendêssemos perfeitamente que as nossas vidas corriam sempre iminente perigo. Como me aprazia a vida assim bem longe do torvelinho da civilização!
FONTE:
PRADO, Eduardo Barros. Eu vi o Amazonas. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1952. p. 383.
Floresta tropical Pintura de Joseph Leon Righini (1820-1884) |
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