As matas marajoaras

"[...]. Os madeiros lá no alto como que sufocados, atiram os seus galhos em todas as direções entrelaçando-os com as das outras árvores; de longe, do meio do campo avista-se aquilo como se fosse formado por um único tronco, dando-nos a mais nítida impressão de que é um só e grande "bouquet". Às vezes para dar um ar mais poético, eleva-se uma palmeira de caule fino, delicado e esbelto, acima desses patriarcas, os quais, por estarem tão altos, sentem por vezes, das nuvens, o seu ósculo frio.

Esses madeiros parecem ser os reis dessas regiões inabitadas. Na época da floração, é uma maravilha! Tornam-se de uma beleza sem igual. Ficam a tal ponto floridos, marchetados de mil cores, parecendo-nos um enorme ramalhete, não se encontrando um único lugar verde; tingem-se de amarelo, de azul, de roxo e vermelho, fascinando quem os contempla. Aspira-se então um perfume suave e silvestre, por toda a encantadora ilha. Finda a floração, vem a época dos frutos. Desprendem-se seus frutos com inexcedível prodigalidade. Frutos esquisitos e de cheiros suaves ou fortes e, até enjoativos, que vão da pequenez do murici (Byrsonima) e do umiri (Humiria balsamifera), ao amapá (Parahancornia amapa) e o saborosíssimo bacuri (Platonia insignis) que são relativamente grandes. [...]". Antônio Emílio Vieira Barroso. Marajó: estudo etnográfico, geológico, histórico sobre a grandiosa ilha da foz do Amazonas. 1954, p. 188.

Murici. Byrsonima crassifolia.
F.H.A. von Humboldt; A. Bonpland; K. S. Kunth. Nova genera et species plantarum (coloured version). v. 5, t. 447, 1821-1823.
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