As primeiras ruas de Belém do Pará
"Cessada a
resistência dos índios, saíram os colonos do interior da Praça das Armas e
iniciaram o desbravamento da mata. Abriram caminhos. Ao primeiro, que corria
paralelo ao mar e que findava no sítio onde o famoso sertanista Bento Maciel
Parente edificara a sua casa de moradia, no tempo em que era Capitão-Mor do
Pará, chamaram Rua do Norte. Isto em 1621. Pouco depois, foram abertas mais
duas ruas: a do espírito Santo e a dos Cavaleiros. Logo a seguir a de S. João,
todas paralelas à do Norte. Desenvolvendo-se a colônia em direção ao centro,
foram rasgadas, mais tarde, os caminhos transversais, chamados da Residência da
Atalaia e Barroca. A rua de S. Vicente, no bairro da Campina, foi aberta em
1676.
Antes de findar o
século XVIII, Belém estava dividida em duas freguesias: a da Sé e a de Santana.
A primeira era a mais antiga e compreendia o bairro da Cidade Velha, que vinha
da era remota da fundação. A segunda
havia sido criada em 1727, situando-se no bairro novo da Campina, que teve por
matriz, logo nos primeiros tempos, a Igreja do Rosário. Servia de divisa aos
dois bairros a antiga rua de S. Mateus, hoje Travessa Padre Eutíquio.
As ruas eram
estreitas e mal alinhadas, tendo os nomes assinalados nas esquinas com “uma
inscrição alva em campo negro”, datando esse uso de 1804, segundo assevera
Baena. Em geral os moradores de maior destaque davam nome às ruas em que
residiam. E não só os moradores, como os edifícios públicos, as igrejas “ou
outra particularidade ocasional ou local”.
Por Ver-o-Peso ficou
conhecido, até hoje o trecho onde outrora foi instalado um posto fiscal com
esse nome. O Largo do Palácio tira a sua denominação do edifício construído, ao
tempo da colônia, para residência dos governadores. Também o Largo da Pólvora é
uma tradição do estabelecimento, que ali existiu, para depósito desse
inflamável. É hoje a Praça da República. Já foi também a de Pedro II, mas nunca
deixou de ser o Largo da Pólvora, conhecido e apreciado pelas suas frondosas e
confortadoras mangueiras".
Ernesto Cruz
Belém: aspectos geo-sociais do município. 1945.v. 1, p. 36-37.
Trecho da Praça da República no início do Sec. XX. Antônio José de Lemos. O Município de Belém. 1904. Acervo da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna (MPEG) |
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