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Mostrando postagens de 2023

A palmeira Inajá

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          Eu e o velho Comandante da Praça giramos dum lado para outro, numa elegante canoa, através da floresta. Flutuamos entre as copas de grandes árvores que dantes se elevavam muito acima do rio. A mata refletia-se na água negra com toda sua beleza e os mais nítidos contornos. A palmeira inajá mirava-se com infinita graça na água, vendo seus cachos verdes no fundo. Pode-se bem empregar essa metáfora, quando se avista a nobre Maximiliana regia à margem do tranquilo igarapé. Esguia e sem espinhos, armada só de sua candura, eleva-se a 40 até 50 pés de altura acima da mata; suas folhas airosas e leves sobressaem no topo dos nobres troncos. Mas os folíolos são infinitamente delicados e flexíveis, como grandes folhas de gramíneas.      Pendem em encantadora desordem dos pecíolos, e sussurram as velhas e misteriosas canções da floresta em eterna mocidade, dum modo juvenil. Essa música da Natureza é escutada com especial agrado pelo europeu que constrói seu domicílio à margem da sussurr

Patauá

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          [...]. Chamam a atenção   milhares e milhares  de coqueiros com enormes cachos pendentes, onde se agarram araras multicores e bandos incontáveis de baitacas, tiribas, araguaris e outros da mesma família psitacidea. Mudam de copa em copa, ou elevam-se nos ares barulhentas, em busca de outras paragens. Na tarde ainda luminosa, passam os bandos de marrecas para lagoas escondidas na mata e as garças debruam de arminho as árvores vizinhas do caudal.              Nesse fundo seco de lagoa que forma  uma planície dilatada, havia milhões desses coqueiros chamados patauá. Os cocos, produzem excelente óleo comestível, cujos elementos nutrientes são superiores aos dos melhores azeites de oliveira. [...]. FONTE: BARROS JUNIOR, Francisco de. Caçando e pescando por todo o Brasil . 4a. Série: Norte - Nordeste - Marajó - Grande Lagos - O Madeira - O Mamoré. São Paulo: Melhoramentos, [1948?]. p. 283.  Patauá ( Oenocarpus bataua ) J. Barbosa Rodrigues (1842-1909). Sertum palmarum brasiliensi

Os Surucuás

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          Sem dúvida, entre as aves mais bonitas da floresta pluvial amazônica estão os surucuás machos, com seus estômagos resplandecentes, verde-metálico, azul e vermelho ou alaranjado. As fêmeas são pardas, como acontece com muitas espécies de aves. Os surucuás as únicas espécies do grupo que frequentemente entram nas matas inundadas da Amazônia central. Os surucuás são aves solitárias. Da mesma forma que os anambés, elas não se empoleiram para apanhar frutos, mas os arrancam em pleno voo e os levam para outro local para consumi-los. Esse é também um bom comportamento de dispersão de sementes. Além de frutos, os surucuás consomem insetos voadores, que capturam pelas asas. Também exploram uma variedade de invertebrados terrestres ao longo das margens do igapó.           Os surucuás não constroem ninhos propriamente ditos, mas escavam buracos em árvores abandonadas por cupins. Os ninhos de cupins também são divididos com outras aves, como alguns periquitos [...]. FONTE: GOULDING, Mich

Flores ricamente perfumadas

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          [...]. Maior novidade apresentam para o botânico europeu as curiosas flores coriáceas de cores sombrias, mas muitas vezes ricamente perfumadas, da família das Anonáceas, as grandes flores rosadas ou brancas das Lecitidáceas, notáveis pelo fato de seus estames germinarem dentro de um grande receptáculo encapuzado situado no centro da flor, e as flores das Bombacáceas ( Eriodendron , Bombax , etc,), com sépalas em forma de tiras e pétalas eventualmente com quase um pé [30 cm] de comprimento, além das quais pendem os feixes ainda mais compridos, constituídos pelos estames filiformes brancos ou cor-de-rosa. [...]. FONTE: SPRUCE, Richard. Notas de um botânico na Amazônia .  Belo Horizonte: Itatiaia, 2006. p. 63. Annona glabra Curtis, W. Botanical Magazine . v. 72. 1846. Desenho de W.H. Fitch. www.plantillustrations.org

Uma cena indescritivelmente linda!

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         [...]. A névoa trêmula e o azulado de toda cena eram indescritivelmente lindos, com o pequeno terraço embaixo cheio de flores coloridas. O primeiro plano era constituído de Daturas , bananas, ciprestes e palmeiras, enquanto que a Bignonia venusta cor de laranja, as flores - de São Miguel azuis, as buganvílias e os jasmins-estrela subiam densos pelas árvores e pela balaustrada, os últimos ajudando os cravos, as gardênias e outros tipos de jasmins a perfumar o ar de maneira quase excessivamente deliciosa.  Marianne North (1830-1890) FONTE: In: BANDEIRA, Júlio. A viagem ao Brasil de Marianne North - 1872-1873 . Rio de Janeiro: Sextante, 2012. p. 160.  Bignonia venusta . Pintura de Marianne North (1830-1890) www.plantillustrations.org
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          [...]. Vimos nessa cercadura vegetal, grande número de aves aquáticas. Alguns troncos de árvores mortas lhes serviam de poleiro, e os ramos estavam carregados de gaivotas, todas na mesma atitude e voltadas para a mesma direção, fazendo face ao vento que soprava violentamente contra elas. Patos e ciganas abundavam nessas paragens, e, uma ou duas vezes, fizemos as araras erguerem o voo na mata, não só a arara escarlate, verde e amarela, como também a azul, infinitamente mais linda. Fugiram diante de nós, com a sua plumagem brilhando ao sol, e desapareceram logo por entre as árvores, em busca de retiro mais profundo e inacessível.. [...]. FONTE: AGASSIZ, Luís; AGASSIZ. Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil 1865-1866 . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p. 336. (Coleção O Brasil visto por estrangeiros).    Araras J. Th. Descourtilz.. Ornithologie brésilienne, ou, Histoire des oiseaux du Brésil - remarquables par leur plumage, leur chant ou leurs habitudes. [1854-1856

As Leguminosas e Bignoniáceas no Pará

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          No Pará, as Leguminosas e as Bignoniáceas, tanto árvores como lianas, superam todas as demais ordens no que concerne à abundância e beleza de suas flores. Dentre as primeiras, as gigantescas Cássias e uma espécie de Selerolobium são coroadas com uma profusão de flores douradas, mas bem mais elegantes são as alvíssimas flores da Bauhinia , que lembram plumas, encaixadas nas folhas, de aspecto parecido com cascos de animais. [...].  FONTE: SPRUCE, Richard. Notas de um botânico na Amazônia . Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2006. p. 62. il. (Reconquista do Brasil (2a. série), v. 236). Cassia fistula Marianne Noth. Paintings . t. 336

O canto das aves depois da tempestade

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          [...]. A tempestade aproxima-se e estala, a chuva desaba em torrentes. A própria violência do furacão dissipa-se, carregada para longe e estabelece-se a calma. Então os andorinhões e as andorinhas brincam nos céus onde reina a doçura do ar, os pequenos granívoros recomeçam suas garrulices, o bem-te-vi articula de novo as sílabas que lhe deram o nome e o sabiá, pousado no ramo ainda gotejante, entoa a sua canção magoada.           A natureza parece por então certa harmonia entre o canto melancólico deste pássaro e o declinar do dia, ele torna-se mais agradável, mais tocante após essas horas de terror e quando a terra úmida exala seus perfumes, impressão que não nos pode dar o barulhento gorjeio das aves campestres, sob o aspecto dum sol sem nuvens. FONTE: DESCOURTILZ, J. Th. História natural das aves do Brasil : ornitologia brasileira. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1983. p. 26. (Coleção Vis Mea in Labore, 4). Bem-te-vi.  J. Th. Descourtilz. Ornithologie Brésilienne

Os Tucanos e sua alimentação

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          Os Tucanos alimentam-se principalmente de frutos carnosos, alguns dos quais envoltos em cápsulas, requerendo, por isso, bicos resistentes para quebrá-los. Entre as grandes aves que se alimentam de frutos, os tucanos apresentam comportamento diferente dos mutuns, araras e papagaios. Os mutuns consomem frutos carnosos e também ingerem as sementes. As araras e papagaios se interessam principalmente pelas sementes. Os tucanos poderiam muito bem ser chamados de "cuspidores de sementes", porque evitam engoli-las, ao contrário de outras grandes aves que se alimentam de sementes nas matas inundadas. É claro que as pequenas sementes, como a dos figos, que não podem ser facilmente separadas da parte carnosa, são engolidas. Durante as cheias, quando os frutos são mais abundantes, os tucanos são muito comuns nos igapós. Sem dúvida, desempenham importante papel como agentes dispersores de muitas espécies de plantas. No entanto, poucos ninhos são encontrados no igapó, e parece qu

O Bacurau

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          O Bacurau, Caprimulgida, O Bacuaru - mede - léguas, passa a noite pelos caminhos, olhos acesos como coivaras, contando as léguas numa medição  gratuita e sem fim. No Sul chamam-no também Tabaco-bom, Sebastião, Tiom-tiom, e mesmo Corujão.         Parece ter havido uma lenda, desaparecida nos elementos essenciais. Resta uma frase: - é dizendo e bacurau escrevendo, valendo a indiscutível veracidade na afirmativa. É amuleto - pena da asa de bacurau cura dor de dente e algumas outras, dispostas entre a manta e a sela, fazem com que o cavalo não caia nem salte rio cheio.  FONTE: CASCUDO, Luís da Câmara. Aves e pássaros no folclore brasileiro. Revista do Livro , v. 5, p. 59, set. 1960. Urutau ELETRONORTE. Brasil 500 pássaros. 2000. Desenho de Antônio Martins

Os frutos da palmeira urucuri (Attalea excelsa)

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[...]. As terras mais secas eram às vezes extraordinariamente aformoseadas por moitas de palmeiras urucuri ( Attalea excelsa ), que crescem aos milhares sob às copas das gigantescas árvores da mata, hastes colunares e lisas são todas quase da mesma altura (quarenta ou cinquenta pés) e largas folhas finamente pinadas se cruzam no alto, formando arcadas e docéis de formas elegantes e variadas. O fruto desta palmeira amadurece no Alto Amazonas em abril, e durante nossa viagem vi imensas quantidades espalhadas pelo chão, nos lugares em que acampamos. É do tamanho e forma de uma tâmara, e sua polpa carnuda é de agradável sabor. Os índios não o comiam. Eu estava surpreso   com isto, pois eles devoravam sofregamente muitas outras qualidades de frutos de palmeiras, cuja polpa rançosa e fibrosa era muito menos gostosa. Vicente balançou a cabeça, quando me viu um dia comendo certa quantidade de frutos de urucuri. Não sei se não foram eles os causadores de uma grave indigestão que sofri durante m

Mata extraordinariamente variada

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                  [...]. A mata era extraordinariamente variada. A copa arredondada de algumas árvores gigantescas, pertencentes à ordem das leguminosas e das bombáceas, se elevava muito acima da altura média de muralha de verdura. A palmeira miriti, de folhas em leque, aparecia aqui e ali no meio das outras árvores, com um outro espécime sobressaindo acima do resto, ereto como uma coluna. A graciosa palmeira-açái formava pequenos grupos e compunha, com sua plumosa folhagem, um belo quadro que tinha por fundo a compacta massa de verdura. A ubuçu, de porte menor, mostrava apenas o seu folhudo e denso penacho, cujo tom de verde, claro e luminoso, contrastava com os matizes mais sombrios das folhagens ao redor. A ubuçu crescia ali em abundância; a palmeira-jupati ( Raphia taedigera ), igualmente notável, é, como a ubuçu, característica da região, mas eram poucas as que se viam ali, projetando suas longas folhas esfiapadas, de cerca de dez metros de comprimento, em grandes arcos por sobre

Por todos os lados surgem fustes de palmeiras

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     Como a manhã está muito clara, as massas de vegetação destacam-se em vários planos e há um quê de cenário teatral nesses amplos panos de verdura e bambolinas muito verdes recortadas sobre o azul do céu. Numa delas, pousa imóvel um maguari.         Por todos os lados, surgem fustes de palmeiras. São inajás portentosas, bosques de jauaris, esguias urucuris, marajás, tucumãs, patauás ... FONTE: CRULS, Gastão.  A Amazônia que eu vi : Óbidos-Tumucumaque. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938. p. 53. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Brasiliana. Série 5a., v. 113). Palmeira Jauari J. Barbosa Rodrigues. Sertum palmarum brasiliensium . 1903.

Jacitara, uma palmeira que se transforma

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          Um olhar na selva amazônica, sobretudo na da várzea, mais densa e escura que a da terra-firme, revela a ânsia dos dois reinos para os cimos, como se fugissem horrorizados da penumbra. Porque a floresta da pátria das aluviões é sem dúvida profundamente sombria, mal deixando passar no crivo da sua cabeleira verde um ou outro raio luminoso. A natureza então arma os seus representantes, vegetais e animais, de órgãos suplementares para a subida. E a caminhada rumo do alto no aperto silvestre de mil espécies arbóreas, traduz-se por uma luta formidável, de girafas botânicas, a espicharem o pescoço para cima. O açaí chumbo ( Euterpe catinga Wall.), por exemplo, que é o açaizeiro da terra-firme, e vive isolado na floresta, afina-se, adelgaça-se, estira-se, alcançando comprimentos imprevistos na fúria de subir ao lado dos príncipes dos bosques. Isto somente para que o seu espanador verde se agite ao vento das franças acariciadas pelo sol. E tanto se espicha o representante das euterpi

Exuberância de vegetação

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          A lembrança da proximidade do equador dá  a essa exuberância de vegetação mais outra significação: pareceu-nos reconhecer a medida de toda a força vegetativa criadora, de que é capaz o globo terrestre, nas gigantescas formas das árvores da mata virgem, a palmeira miriti ( Mauritia flexuosa , L.), a pacova sororoca ( Urania amazonica , M.), e nos formatos grotescos das aróideas e citamíneas, de luxuriante folhagem que não se contenta mais com o solo, e até reveste a superfície das águas, ora multiplicada nas delicadas folhazinhas das lentilhas d´água e das azolas, ora nas rosetas de folhas da mururé-pajé ( Pistia stratiotes ), estendendo um formoso tapete flutuante. FONTE:  SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. F. von. Viagem pelo Brasil - 1817-1820 . Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938. p. 70. Mururé-pajé ( Pistia stratiotes ) Jacquin, N. J. von. Selectarum stirpium Americanarum historia. t. 225, ed. 1780-1781. www.plantillustrations.org

Campos de canarana

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      [...]. A vegetação escassa dessas terras aguacentas tem um verde claro, lavado. São os dilatados campos de canarana e de muri, de onde se eleva isolada uma ou outra palmeira caraná ou jauari, em cujas ramas cantam nas manhãs alegres os sabiás do poeta; a fraca imbaúba de folhas grandes, recortadas e ásperas, a grossa e rude mongubeira em cujos galhos fabricam seus ninhos, compridos como abóbora, os japiins brancões; o taxi, cujas flores brancas, de que nesta época se cobre a sua copa simétrica, dão-lhe de longe o aspecto de um enorme ramalhete erguido no ar. Raramente, lá em ponto favorecido por não sei que circunstância de terreno, crescem juntas, qual ilha no meio deste mar de canarana, algumas árvores pecas, condenadas fatalmente a serem afogadas pela cheia. Nas beiras dos canais que comunicam os lagos entre si e em toda a extensão do comprido igarapé é onde se reúne alguma vegetação - uma vegetação fraca, sob a enganadora aparência do seu brilho - formando como que uma trinch

As aves e seus ninhos: Japus e Japiins

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               A maioria das aves constrói seus ninhos em locais relativamente escondidos, ou de difícil acesso, para evitar a predação dos ovos e filhotes. Os japiins e japus parecem fazer exatamente o contrário. As grandes colônias de ninhos em forma de saco dos japiins ou xexéus são sinais comuns nas árvores das matas inundadas amazônicas. Colônias de japiins com várias dúzias de ninhos geralmente são vistas dependuradas sobre a água na margem dos rios. Em alguns casos, quando o rio chega a alcançar entre 10 e 12 m acima do nível atingido na época de seca, os ninhos dos japiins são encontrados a apenas alguns metros acima da água. Os japus tendem a construir seus ninhos nas árvores mais altas, e as ilhas fluviais, onde as florestas altas ainda existem, são as preferidas para a construção dos ninhos. Em geral, os japus são avistados em grandes bandos atravessando o canal dos rios, nos movimentos diários de ir e vir das ilhas. Superficialmente, os ninhos dos japiins e dos japus com se

Periquito-rei

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     Bandos de verdes periquitos-reis, com o redor dos olhos amarelo [...], vagueiam ao acaso, sem descanso, entre as árvores, gritando agudamente, levando vida de boêmios, impelidos, ao que parece, só pelo capricho do momento. FONTE:  GOELDI, Emílio A. Maravilhas da natureza na Ilha de Marajó (Rio Amazonas). Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia (Museu Goeldi) , Belém, t. 3, p. 383, 1902.   Periquitos-rei (Detalhe) Album de aves amazônicas - 1900-1906 Desenho de Ernst Lohse (1873-1930)

Ingá

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         [...]. Quando se viaja em canoa, águas acima, pelo Amazonas ou Tocantins, vai-se beirando a margem vendo-se, portanto, todos os pontos da ribanceira.          Uma das dificuldades dessa navegação são os paus de ingá, e outros, que crescendo à flor d´água, deitam galhos paralelos à superfície e tão chegados à água, que não é possível passar por baixo, tornando-se necessário alargar-se a canoa por fora pela correnteza, para se poder dobrar esses cabos artificiais. [...]. FONTE: MAGALHÃES, José Vieira Couto de. Viagem ao Araguaia . 4. ed.  São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938.   p. 27-28. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5ª. Brasiliana, v. 28). Inga sp. Britton, N. L.; Horne, F. W. Popular flora of Puerto Rico. Desenho de F. W. Horne. www.plantillustrations.org

Um amanhecer no Pará

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            [...]. Às cinco horas, começa a amanhecer de todos os lados; um cinzento, fino e uniforme, corado pelo alvor e assim alegrado, cobre o céu; só o zênite é de cor mais escura. As formas das árvores aproximam-se cada vez mais; o terral, que levanta do leste, agita-nos lentamente e já aparecem reflexos róseos nas copas, lembrando abóbodas dos troncos de Caryocar , Bertholetia e Symphonia . Os galhos e as folhas agitam-se; os sonhadores despertam e banham no ar fresquinho da manhã [...]. FONTE: SPIX, J. B. von; MARTIUS, C. Fr. von. Viagem pelo Brasil (1817-1820) . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. v. 3. p. 19. (Edições do Senado Federal, v. 244-C). Caryocar villosum F. C. Hoehne. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais .   1939.  

Ubuçu: uma notável palmeira.

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          Desembarcamos numa ilha cheia de coqueiros, onde acendemos fogo e pusemos a ferver a chaleira para o chá. Afastei-me um pouco para o interior da ilha e me causou espanto o seu aspecto. A terra ficava abaixo do nível alcançado diariamente pela maré, de modo que não se via vegetação rasteira e o solo se mostrava inteiramente nu. As árvores consistiam, em sua maior parte, de uma única espécie de palmeira, a gigantesca Mauritia flexuosa de folhas em leque. Unicamente na orla havia uma outra espécie, em pequeno número, a igualmente notável palmeira denominada ubuçu, ou Manicaria saccifera . As folhas da ubuçu são eretas e sem recorte, medindo vinte e cinco pés de comprimento por seis de largura, todas elas dispostas no topo de uma haste de quatro pés de altura, e sua aparência faz lembrar uma gigantesca peteca. As palmeiras de folhas em leque, que cobriam praticamente a ilhota inteira, tinham enormes troncos lisos e cilíndricos, medindo um metro de diâmetro e cerca de 30 metros d

Saíras: aves de grande beleza!

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            As saíras são aves de grande beleza ornamental e rivalizam com os beija-flores no variegado dos coloridos.      Há até espécies em que parece ter a Natureza andado a experimentar sua paleta de artista, acumulando aqui e ali pequenos borrões, manchinhas, de tudo resultando um mostruário de cores vivas, animadas e harmoniosas. Mas esses cromozinhos, espertos e curiosos, essa passarinhada quase rutilante em seus trajes é acusada seriamente de estragar os frutos. [...]. SANTOS, Eurico. Pássaros do Brasil : vida e costumes das aves no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1952. p. 198. Saíras Descourtilz, J. T. Oiseaux brillans du Brésil.  1834. www.biodiversitylibrary.org