A palmeira Inajá

        Eu e o velho Comandante da Praça giramos dum lado para outro, numa elegante canoa, através da floresta. Flutuamos entre as copas de grandes árvores que dantes se elevavam muito acima do rio. A mata refletia-se na água negra com toda sua beleza e os mais nítidos contornos. A palmeira inajá mirava-se com infinita graça na água, vendo seus cachos verdes no fundo. Pode-se bem empregar essa metáfora, quando se avista a nobre Maximiliana regia à margem do tranquilo igarapé. Esguia e sem espinhos, armada só de sua candura, eleva-se a 40 até 50 pés de altura acima da mata; suas folhas airosas e leves sobressaem no topo dos nobres troncos. Mas os folíolos são infinitamente delicados e flexíveis, como grandes folhas de gramíneas.

    Pendem em encantadora desordem dos pecíolos, e sussurram as velhas e misteriosas canções da floresta em eterna mocidade, dum modo juvenil. Essa música da Natureza é escutada com especial agrado pelo europeu que constrói seu domicílio à margem da sussurrante queda do igarapé, no meio da floresta, longe da vida cansativa da cidade. [...].

FONTE:

AVÉ-LALLEMANT, Robert. No rio Amazonas (1859). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980. p. 141. (Reconquista do Brasil; nova ser., v. 20).


Inajá (Maximiliana regia)
C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum.  1823-1850)


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