Ubuçu: uma notável palmeira.
Desembarcamos numa ilha cheia de coqueiros, onde acendemos fogo e pusemos a ferver a chaleira para o chá. Afastei-me um pouco para o interior da ilha e me causou espanto o seu aspecto. A terra ficava abaixo do nível alcançado diariamente pela maré, de modo que não se via vegetação rasteira e o solo se mostrava inteiramente nu. As árvores consistiam, em sua maior parte, de uma única espécie de palmeira, a gigantesca Mauritia flexuosa de folhas em leque. Unicamente na orla havia uma outra espécie, em pequeno número, a igualmente notável palmeira denominada ubuçu, ou Manicaria saccifera. As folhas da ubuçu são eretas e sem recorte, medindo vinte e cinco pés de comprimento por seis de largura, todas elas dispostas no topo de uma haste de quatro pés de altura, e sua aparência faz lembrar uma gigantesca peteca. As palmeiras de folhas em leque, que cobriam praticamente a ilhota inteira, tinham enormes troncos lisos e cilíndricos, medindo um metro de diâmetro e cerca de 30 metros de altura. Seu topo era formado por um imenso tufo de folhas em leque, cujas hastes mediam, por si, entre dois e três metros de comprimento. Nada no mundo vegetal poderia ser mais imponente do que essas palmeiras. Não havia nenhuma vegetação rasteira para impedir uma visão de conjunto de todas aquelas majestosas colunas. Seus tufos de folhas, situados a grande altura e muito juntos uns dos outros, encobriam os raios do sol, e a penumbrosa solidão reinando embaixo, onde nossas vozes pareciam reverberar, só podia ser comparada ao interior de um majestoso templo. [...].
BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: : Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1979. p. 55. (Reconquista do Brasil, v. 53).
Palmeira Ubuçu (Manicaria saccifera) |
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