Mata extraordinariamente variada
[...]. A mata era extraordinariamente variada. A copa arredondada de algumas árvores gigantescas, pertencentes à ordem das leguminosas e das bombáceas, se elevava muito acima da altura média de muralha de verdura. A palmeira miriti, de folhas em leque, aparecia aqui e ali no meio das outras árvores, com um outro espécime sobressaindo acima do resto, ereto como uma coluna. A graciosa palmeira-açái formava pequenos grupos e compunha, com sua plumosa folhagem, um belo quadro que tinha por fundo a compacta massa de verdura. A ubuçu, de porte menor, mostrava apenas o seu folhudo e denso penacho, cujo tom de verde, claro e luminoso, contrastava com os matizes mais sombrios das folhagens ao redor. A ubuçu crescia ali em abundância; a palmeira-jupati (Raphia taedigera), igualmente notável, é, como a ubuçu, característica da região, mas eram poucas as que se viam ali, projetando suas longas folhas esfiapadas, de cerca de dez metros de comprimento, em grandes arcos por sobre o canal. Uma infinita variedade de pequenas palmeiras enfeitava a beira da água, vendo-se entre elas a marajaí (muitas espécies de Bactris), a ubi e umas poucas e majestosas bacabas (Oenocarpus bacaba). A forma desta última é extraordinariamente elegante, com a sua coroa de folhas perfeitamente proporcional ao seu esguio tronco. Suas folhas desde a ponta até a base dos lustrosos pecíolos, têm uma bela cor verde-escuro e são desprovidas de espinhos. [...].
FONTE:
BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1979. p. 96. (Reconquista do Brasil, v. 53).
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