Viajantes: Botos no Araguaia.



"Aparecem ao redor da canoa os primeiros botos, resfolegando ruidosamente e expelindo a água pelo focinho, em altos jatos. Como o peixe-boi, a baleia e a doninha, o boto é um cetáceo, animal aquático de sangue quente, possuindo pulmões ao invés de brânquias, de maneira que tem necessidade do ar atmosférico para respirar de espaço a espaço. [...].
Comum na Amazônia, nos mais remotos recantos deste sistema fluvial constata-se a sua presença.
Os caboclos tratam-no como animal sagrado e ninguém o mata, porque a lenda lhe atribui a virtude de proteger os náufragos aos quais empurra com a cabeça para as margens dos rios. Persegue desapiedadamente os peixes com exceção somente dos de elevado porte, e demonstra habilidade extraordinária quando os encurrala nos remansos onde consegue pródigas caçadas. Creio que o privilégio do boto termina unicamente nas garras da onça, que às vezes vence a sua astúcia, pegando-o nos lugares rasos. [...]". Hermano Ribeiro da Silva. Nos sertões do Araguaia. 1935, p. 50.
 
 
 

Uiara-Tucuxi.
Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815)
. Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. (1783-1792).

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