As auroras e os crepúsculos na Amazônia
"Nas regiões sob o equador, já anteriormente o disse, as auroras e os crepúsculos processam-se com incrível rapidez. A escuridão é completa. Mas, sem sabermos como apareceram, vemos no nascente umas nuvenzinhas acinzentadas, ou de um branco sujo, e de contornos esbatidos. Dez minutos depois, tornam-se brancas, e já vemos distintamente recortadas contra as profundezas do céu ainda escuro, as copas das árvores ou colinas desse lado. No poente, a escuridão é ainda completa e nem distinguimos as árvores e barrancos à nossa volta. Poucos minutos depois, já as nuvens são flocos de neve, debruados de ouro. Da mesma coloração, esguios farrapos flutuam mais alto.
E já é dia. A fresca viração que começa soprando, leva um frêmito de vida às mais altas árvores, às palmas das paxiúbas e açaizeiros, agitando-as, como num espreguiçamento, para de todo despertarem. É dia claro, mas do sol só vemos, ainda, as labaredas incendiando as nuvens. [...]". Francisco de Barros Junior (1883-1969). Caçando e pescando por todo o Brasil. 5a. série: Purus e Acre. [s.d.], p. 41.
Cachoeirinha de Cupati; em primeiro plano, uma paxiúba-barriguda. C. Fr. von Martius (1794-1868). Historia Naturalis Palmarum, 1823-1850 |
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