Um concerto noturno
Todas as noites enquanto estávamos na parte mais alta do rio, tínhamos um concerto de sapos, os quais fariam os mais estranhos e extraordinários ruídos.
Há três espécies, que se ouvem frequentemente de uma vez.
Uma delas faz um ruído algum tanto parecido com aquele que só se pode esperar mesmo de um sapo, isto é, um triste e horrível coaxar.
As outras não o faziam semelhante aos de nenhum outro animal que eu já houvesse ouvido antes.
Um trem, correndo a uma certa distância, ou um ferreiro malhando com sua bigorna, eis o com que isso mais exatamente parecia.
As imitações eram tão perfeitas, que, quando eu estava deitado em minha rede, meio acordado, meio dormindo, e ouvia uma dúzia deles como que me imaginava em casa escutando os familiares ruídos de um trem de ferro a aproximar-se, ou um ferreiro a malhar em sua bigorna.
FONTE:
WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelo Amazonas e rio Negro. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 43. (Edições do Senado Federal, v. 17).
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