Os troncos flutuantes no rio Amazonas

         Na época das cheias no Amazonas, esses cedros são arrancados das florestas frondosas pela torrente, e constituem grande quantidade de troncos flutuantes, que tantas vezes vi flutuarem ao nosso encontro no rio caudaloso. [...].

        Esses troncos flutuantes têm ainda uma utilidade muito singular para a navegação em pequenas canoas e igarités, como chamam as embarcações leves de tamanho médio. Quando a canoa, descendo com a corrente do rio, está em perigo de ser impelida para trás pelo forte vento contrário, os tripulantes amarram-na a um grande tronco flutuante de amiris, que arrasta facilmente a canoa e o tripulante contra o vento. Se, porém, as ondas revoltas pelo vento e açoitando por todos os lados, ameaçam encher a canoa ou fazê-la virar, há ainda um outro meio fácil de evitá-lo. Levam-na para uma ilha flutuante de canarana. O capim meio mergulhado na água quebra toda a força das ondas, ondula só ligeiramente, e o índio prossegue arrastado pela grande árvore da floresta, e protegido pelas gramíneas flutuantes da margem, bem acomodado sob o teto de folhas de palmeira de sua canoa, no meio da caudalosa torrente, sem medo do vento nem das ondas.


FONTE:

AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelo norte do Brasil no ano de 1859. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961. p. 147. (Coleção de Obras Raras, v. 7).


James Orton (1830-1877). 
  The Andes and the Amazon or across the continent of South America. 3. ed. New York Harper & Brothers, Publishers, 1876.


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