Ilhas de juncos flutuantes - um belo espetáculo
Um dos belos espetáculos da Amazônia é ainda o das ilhas de juncos flutuantes e os comboios intermináveis de paus mortos e de árvores caídas que descem a corrente no momento da enchente. As primeiras se formam nas campinas moventes de juncais moles de nenúfares de "murerus", formados nos inumeráveis lagos que ladeiam os grandes cursos d´água e onde o vento as empurra, ao seu capricho, como jangadas sem direção, tanto em um sentido como em outro. No momento da cheia, são levadas pela corrente dos paranás e vêm em fila interminável tomar o caminho do oceano. Em caso de tempestade, não há refúgio mais seguro: de um vigoroso impulso faz-se aí subir a piroga e não há mais a fazer senão se deixar descer: as maiores vagas não chegam a quebrar sua coesão.
Elas são emolduradas pelas séries de troncos caídos que descem durante meses de todos os rios de águas brancas: bambus, caniços, arbustos árvores gigantes, todos se põem em movimento à medida que as águas sobem, levantando-os, arrancando-os das margens onde estavam caídos no momento da baixa das águas, quando as terras amolecidas pela inundação não podiam mais sustentá-los e desmoronavam sob seu peso. Agora, inteiramente ressecadas, flutuam e vão talvez se reunir ao mar de sargaços, no meio do oceano. As gaivotas, as garças brancas de poupa, os pássaros pescadores, as andorinhas e os bacuraus adoram embarcar sobre estas naves silenciosas. Elas fazem assim léguas sem se cansar. Parece-lhes que não são mas eles que se deslocam, mas a paisagem, e admiram assim a natureza que desfila sob seus olhos assombrados.
Pe. Constant Tastevin
FONTE:
FAULHABER, Priscila; MONSERRAT, Ruth (orgs.) Tastevin e a etnografia indígena: coletânea de textos produzidos em Tefé (AM). Rio de Janeiro: Museu do Índio - FUNAI, 2008. p. 19., il. (Série Monografias).
Aguapé (Eichornia crassipes) E. Step D. Bois. Favourite flowers of garden and greenhouse. v. 4, t. 287, 1896-1897. Desenho de D.G.J.M. Bois. www.plantillustrations.org |
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