A Preguiça (Bradypus tridactylus)

         [...]. A preguiça era da espécie chamada por Cuvier Bradypus tridactylus e que apresenta um áspero pelágio cinzento. Os naturais chamam-na, em tupi, aí-ibiritê (preguiça da terra-firme) para distingui-la do Bradypus infuscatus, que apresenta larga faixa negra entre os olhos e é chamada aí-igapó (preguiça das vargens). Alguns viajantes na América do Sul descreveram a preguiça como muito ágil em suas matas de origem, e contestaram a justeza do nome que lhe foi dado. Mas os habitantes da Amazônia, tanto os índios como os descendentes de portugueses, participam da opinião geral e consideram a preguiça como o tipo da indolência. É muito comum ouvir-se um nativo, reprovando a preguiça de outro, chamá-lo bicho da embaúba, porque as folhas da Cecrópia são o alimento da preguiça. É estranho espetáculo ver-se a extravagante criatura, produto legítimo destas sombras silenciosas, mover-se tardamente de ramo em ramo. Cada movimento traduz, não exatamente a indolência, mas a cautela. Nunca deixa o ramo que segura, sem primeiro prender-se a outro, e quando não encontra imediatamente um galho a que se fixe com os ganchos rígidos em que tão curiosamente se transformaram suas garras, levanta o corpo, sustido pelas patas de trás, e guia os braços em busca de apoio. [...]. 


FONTE:

BATES, Henry Walter. O naturalista no rio Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944. v. 2, p. 57-58. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. v. 237-A)



Preguiças
 Papavero, Nelson et al. O novo Éden. 2. ed. 2002.
Ilustração  Brehm, A. E.




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