Um casal de mutuns na floresta
"Passeava um dia de madrugada pelo mato.
Galhos de árvores cheirosos, salpicavam-me de gotas frias de orvalho; o sol, coando suavemente o seu brilho, por entre a neblina, transformava as clareiras da floresta em pequenas alcovas doiradas. Parei, para olhar em volta. Dentro em pouco ouvi um frú-frú de folhas úmidas e por entre a névoa que se levantava, vi um casal de mutuns. O mutum é uma ave de grande porte, regulando um peru comum em proporção; de uma cor de um negro-azeviche, é sua plumagem dotada de um brilho furta-cor quando exposta ao sol; bico um tanto recurvado, de cor vermelha e um penachozinho à cabeça e um tanto pernalta.
Não estavam procurando comida, mas apenas exprimindo sua satisfação. Abriam a cauda em leque e enchiam as penas de ar, levantavam as asas de vez em quando, como para voar; passeavam assim com pose, de um lado para outro, ou então exibiam-se em graciosas piruetas. Ao fim de algum tempo o mutum voou para um tronco coberto de musgo e inflando as penas do pescoço, começou a arrulhar docemente; não era o grasnar de desafio mas, um monólogo de contentamento, como a querer saudar o novo dia". Mário Paiva. A vida dos animais da Amazônia: suas lendas e superstições. 1945, p. 19.
Mutum - Urumutum - Álbum de Aves Amazônicas - 1900-1906 Desenho de Ernst Lohse (1873-1930) |
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