A natureza tropical
"A princípio não se observa este e nem aquele fato isolado, há apenas esse vago sentido de perplexidade, mas ao mesmo tempo de beleza e exatidão em tudo. Só depois de dias e semanas de permanência aqui é que se pode raciocinar sobre o que vemos; quando a floresta for tão familiar como os campos da pátria; quando as árvores e cipós se tornarem amigos comprovados. Mas suponhamos ter essa familiaridade; há centenas de coisas interessantes para ver a cada dia.
Ela é muito diferente de uma floresta do norte, e diferente ainda das imagens que dela fizemos, construindo um ideal a partir de estufas e descrições. Nossas estufas não são naturais, porque reúnem um grande número de plantas tropicais de cinquenta regiões diferentes. Todas essas espécies são notáveis por suas grandes folhas ou formas singulares, ou pelas flores brilhantes; e dão uma ideia muito forçada da natureza tropical; uma ideia muito degradada, a meu ver; pode-se estragar até combinações de plantas por um excesso de ornamento". Herbert Smith (1851-1919). In: PAPAVERO, N. ; OVERAL, W. L. (Orgs.). Taperinha: histórico das pesquisas de história natural realizada em uma fazenda da região de Santarém, no Pará, nos séculos XIX e XX. 2011. p. 158.
Pintura de Martin Johnson Heade (1819-1904) |
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