No negrume da noite
"A luz da lua é forte e clara, as árvores, algumas brilhando ao luar pálido, outras perdidas no negrume da noite sem luzes, assumem formas estranhas e fantásticas e projetam sombras intensamente negras sobre as águas do rio, que cintila como um espelho de prata aos raios frios e brancos da luz. A noite não é tão silenciosa como de hábito, pois os sapos no pântano próximo produzem um alarido como o dos diversos sons de uma fábrica de algodão, zumbindo, berrando como uma ovelha, assobiando, coaxando, apupando, gritando rai! ai!, rugindo, uma perfeita babel de ruídos, que se erguem e caem conforme predomine a voz de uma ou de outra espécie. Há ainda o ribombar do socó-boi ..., como um berro de um touro; ciganas soltam gritos ásperos; corujas piam, bacuris (uma espécie de curiango) bradam em notas agudas, ba-cu-ri, ba-cu-ri; o mandim grunhe sob a água como um porco; e outros peixes pulam; todavia, todos estes sons tornam a sinistra solitude ainda mais impressionante.
Os mosquitos, felizmente, não nos descobriram, e a atmosfera é fresca e agradável". James W. Wells (1841-?). Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil: do Rio de Janeiro ao Maranhão. 1995. v. 2, p. 226.
Socó-Boi. Á esquerda um jovem da espécie. Desenho de Antônio Martins. Brasil 500 pássaros. 2000. |
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