Viajantes: A selva brasileira.


"Tais indicações pouco positivas não bastam para caracterizar a selva brasileira em suas regiões mais baixas e quentes, mas não é difícil torna-la mais característica por meio de outras qualidades negativas. Aí não existe o feto arborescente, com suas folhas finas, às margens dos rios, nem o palmito delgado, debaixo do teto protetor das árvores dicotiledôneas. Estas últimas não gostam da sombra escura da floresta, assim como os primeiros não se dão com o solo pantanoso e horizontal. Ao lado destas duas espécies, faltam ainda a embaúba (Cecrópia) e as taquaras (Bambusas), que são das regiões mais elevadas. Onde  estas vegetam em abundância, não se encontra a tonca ou a sapucaia, e uma vegetação muito diferente e mais amena oferece-se à admiração do viajante. De um lado, temos a natureza verdejante, frágil, graciosa e alegre, que atrai e encanta, de outro, a formação gigantesca, majestosa e serena, que nos enche de deslumbramento e contrição e que convida a meditações sérias, como se entrássemos numa catedral gótica de impressionantes proporções. Não há outro sentimento que se possa comparar ao que se apossou de mim, ao atravessar e contemplar a selva brasileira, senão o que me invadiu quando, extasiado, admirei as catedrais de Colônia, Magdemburgo, Notre Dame ou Westminster. Se era a obra do homem que aí me impressionava pela sua perfeição e inspiração, era aqui a natureza viva, que, em sua atividade incessante, produz as maiores maravilhas concebidas pela imaginação humana. [...]". Dr. Hermann Burmeister (1807-1892). Viagem ao Brasil. s.d. p. 149.
 
 
Selva brasileira.
 Pintura de Manuel de Araújo Porto Alegre (1853).

 



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