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Mostrando postagens de 2024

As samambaias que encantam a vista

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          Nenhuma floresta do globo possui como a da Amazônia maior número de epífitas e parasitas crescidas sob a forma de musgos e de ervas, de lianas e de arbustos. Enlaçadas, enroscadas, confundidas vicejam em tapetes, em alfombras, em festões, em vassouras, em umbelas. Mata de clima quente e úmido, semelhante a outras remotas e longínquas, [...], vai das gregas de samambaias que encantam a vista pelo desenho das folhas, ao tipo monumental  das sumaumeiras que espantam o observador pela grandeza.              Assim, no recesso florestal, cheio de sombra e de silêncio durante o dia, atormentado  de vozes e de rumores durante a noite, a multiplicidade das espécies polariza-se na beleza e na estrutura. Por dez metros quadrados de terreno há cem famílias vegetais, cujo contorno, altura e tinta se repelem e se chocam. [...]. FONTE: MORAIS, Raimundo. Na planície amazônica. 7. ed. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p. 69. (Coleção Brasil 500 anos). Samambaia ( Polypodium

Uma Sumaumeira gigantesca

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          O paranazinho estreita-se ainda mais, aos dez minutos de marcha. Ninguém diz uma palavra. Um encalhe ali é perigoso: as piranhas são as últimas a abandonar o rio, por ocasião da vazante, e nós teríamos de cair n´água para tentar desembaraçar nosso barco do fundo barrento. Uma sumaumeira gigantesca, de uns 60 metros de altura, ergue-se bem na beira do barranco. O fruto da sumaumeira, quando chega o seu "tempo", espoca e dele caem fios alourados e macios, como seda, que servem para encher travesseiros: os caboclos destas paragens recostam sua cabeça nos travesseiros mais macios do mundo. FONTE:  MELLO, Thiago de. Notícia da visitação que fiz no verão de 1953 ao Rio Amazonas e seus barrancos. Manaus: Editora Valer, 2020. p. 69-70. Sumaumeira ( Ceiba pentandra ) na Ilha de Colares - Praia do Humaitá - PA Fotografia de Rosane Oliveira A mesma Sumaumeira em plena liberação de suas sementes envoltas numa paina (kapoc). Milhões de minúsculas sementes envoltas numa fibra ti

Arara azul

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          As Araras são por certo uma das mais brilhantes figuras das florestas equatoriais da América do Sul, e compreender-se-á facilmente quanto ficamos surpreendidos por encontrar aqui, na costa da Guiana, uma das espécies mais raras, a Arara azul ( Ara hyacinthina ) em circunstâncias que nos permitem de a considerar uma ave comum nestas regiões. De uma vez vimos juntos oito indivíduos, formando quatro casais. Os indígenas, todos brasileiros do Estado do Pará (pelo menos ao longo do Cunani e da região costeira do Norte) falam da Arara azul, que é aliás uma espécie rara nos jardins zoológicos, como uma "ave de arribação", comum na estação seca, e ausente durante certos meses. Pouco depois tive ensejo de convencer-me pessoalmente de que a Ara hyacinthina estava realmente de choco nesta estação na zonas costeira da Guiana meridional. FONTE: GOELDI, Emílio A. Resultados ornithologicos de uma viagem de naturalistas à costa da Guyana meridional. Boletim do Museu Paraense de Hi

A cada momento uma surpresa, uma revelação ...

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         E a cada passo, a cada momento, uma revelação, uma surpresa, um espanto novo dentro da ramaria entrançada, da teia retorcida dos cipós, das moitas de ervas -  de tudo aquilo que parece deter o nosso passo, que nos prende ao solo úmido, que nos fecha todas as direções, sem uma clareira para desafogo.          Cerca-nos por todos os lados um estranho universo que nem poderíamos imaginar.          Os vegetais tomam aspectos surpreendentes, são como singular sociedade onde cada indivíduo tem uma função determinada, um temperamento, uma atitude, uma vida própria. Parece que existe uma lei especial regendo aquele organismo fitológico que começamos a compreender, a estudar, a respeitar, como se fossem nossos irmãos, inferiores apenas pela mudez e pela estabilidade.             Certamente deve ter sido essa a impressão de todos os sábios, de todos os fitógrafos, de todos os naturalistas que penetraram nessas florestas venerandas: - impressão de temor, de assombro, de fascinação, de cu

Mas que maravilhosa flor amarela será aquela, suspensa no ar?

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            [...]. Mas que maravilhosa flor amarela será aquela, estranhamente suspensa no ar? Suas pétalas brilham na penumbra como se fosse de ouro! Aproximamo-nos dela, e o mistério se esclarece: está presa a uma haste delgada como um fio, de uma jarda e meia de comprimento, saindo de um denso aglomerado de folhas que se acha fixado numa casca de árvore. Trata-se de uma variedade de Oncidium, uma das mais lindas orquidáceas, alegrando essa melancólica penumbra com suas brilhantes folhas suspensas. Aos poucos, outras vão surgindo, em profusão cada vez maior, ora brancas, ora purpúreas, ora rajadas; algumas presas a troncos flutuantes, mas a maioria sobre musgos que crescem dentro dos ocos das árvores. Há uma espécie verdadeiramente magnífica, que tem 4 polegadas de largura. Os nativos chamam-na de flor-de-Santana. Tem pétalas roxas e brilhantes, e seu perfume é delicadíssimo. Trata-se de uma espécie nova. No gênero, é a flor mais maravilhosa dessa região. Os próprios nativos não pod

Viagem por um igarapé

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          Nossa viagem pelo igarapé acima foi ótima. É um riozinho estreito, de águas escuras, profundo, atualmente cheio e correndo muito. Dos lados, a mata é alta e densa, rica em embaubeiras, jenipapo, açaís, jauaris e ingazeiros, tão comuns nas beiras dos rios desta zona. De vez em quando, destacava-se uma seringueira ( Hevea brasiliensis Muell. Arg.), de caule branquicento e folhagem inconfundível. [...]. FONTE: CARVALHO, José Cândido de Melo. Notas de viagem ao Javari-Itacoari-Juruá. Publicações Avulsas do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n. 13, p. 16, 1955. Inga sp. Britton, N. L.; Horne, F. W. Popular flora of Puerto Rico . Desenho de F. W. Horne. www.plantillustrations.org

A vitória-régia

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         Ela é a planta aquática que se tornou uma espécie de logotipo amazônico. Aparece em tudo que é folheto de turismo como se fosse flor. Pois não é. A vitória-régia é planta. E planta de uma folha só. Mas planta que dá flor. De sua raiz, fincada no fundo do lago, sobe um cipó grosso, retorcido que ao chegar à superfície da água vai formando uma folha, que cresce, que cresce, cada vez mais e sempre redonda, chega a ter um metro de diâmetro. Redondinha que dá gosto, cheia de nervuras, parece uma grande bandeja verde, de bordas reviradas.           Vi, num verão de cheia desconforme, no laguinho em frente ao lugar de Neném Cabral, amiga de minha mãe, uma vitória-régia que acabava de dar flor. Já nasce grande, arredondada como um repolho, só que lilás. Nasce da folha, não tem haste. A face interior da folha, que repousa na água, é escurecida e espinhenta. Embaixo dela o jacaré cochila. A jaçanã fica pulando em cima dela, feliz da vida. Quando o rio seca, a flor vira fruto. O tambaqui

"A passarada moradora da mata"

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         Interminável a série de tipos que oferece a passarada moradora da mata. Se ao Brasil cabe incontestavelmente a palma na riqueza ornitológica, alojando por si só perto de 1/6 de todas as espécies de Aves do globo - nenhuma outra parte da terra, nenhum outro país apresenta igual algarismo - é a zona da mata, sobretudo que constitui o genuíno viveiro de semelhante tesouro. Contudo, desta incomparável avifauna são talvez suficientes três tipos para determinar o característico essencial: a senhoril Arara, o grotesco Tucano e o mimoso e petulante Beija-flor. FONTE: GOELDI, Emílio A.  Aspectos da Natureza do Brasil. Boletim do Museu Goeldi (Museu Paraense) de Historia Natural e Ethnographia , Belém, t. 5, fasc. 1-2, p. 206-207.  Colibris  E. Mulsant. Histoire naturelle des oiseaux-mouches. v. 2. 1876 www.biodiversitylibrary.org.                                                                                

O verdadeiro sabiá

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          [...]. E sem favor os sabiás merecem tal conceito; o repertório desses flautistas das nossas matas nem sempre é extenso e variado, mas é sem dúvida à doçura da voz e ao seu timbre que se referem os poetas e demais apaixonados pelas "aves que aqui gorjeiam". O verdadeiro cantor é o sabiá laranjeira de barriga vermelha, e que até certo ponto o vence pela variedade do canto, é o sabiá-una, com cabeça, asas e cauda pretas, de resto cinzento e com bico e pés amarelos. [...]. FONTE: VON IHERING, Rodolpho. Da vida dos nossos animais : fauna do Brasil. 3. ed. São Leopoldo (RS): Rotermund, 1953. p. 95. Sabiá em pé de jaboticaba Descourtilz, J. T. Oiseaux brillans du Brésil.  1834. www.biodiversitylibrary.org

A palmeira Curuá e sua utilidade

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          [...]. Na volta, detivemo-nos diante duma palhoça para ver preparar a palha de palmeira com as frondes do curuá      Quando essas palmeiras são novas, os folíolos estão apertados de encontro à parte central, e são rebatidos de modo a só ficarem presos ao eixo por algumas fibras; então, debaixo do seu suporte, ficam caídas como fitas cor de palha, muito lindas de se verem quando são novas, pois o tom delas é muito delicado. Com as folhas assim preparadas, cobrem-se os tetos e fazem-se as paredes das casas. A parte central, forte e tendo muitas vezes quatro a cinco metros de comprimento, é colocada atravessada e serve de friso, enquanto que os folíolos pendentes são uns presos aos outros. Essa qualidade de palha dura anos e protege perfeitamente do sol e da chuva. Empregam-se também outras espécies de palmeira para o mesmo fim. FONTE: AGASSIZ, Luís; AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil - 1865-1866. Brasília:  Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p. 314-315. (Coleção

Acauã

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  ACAUÃ - Pequeno gavião ( Herpetotheres cachinnans) , da família dos Falconídeos. Esse gaviãozinho está citado no Vocabulário Ilustrado da Amazônia : do Nheêngatu ao Português (no prelo). Aguardem! Acauã ( Herpetotheres cachinnans ) . Expedição Langsdorff ao Brasil (1821-1829). Desenho de Hercules Florence (1804-1879)

Uma orquídea em flor

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          [...]. Pouco antes de ali chegar passamos por espessa mata de grandes árvores, em cujos troncos e ramos havia enorme quantidade da bela Gesneria bulbosa e cujas panículas de numerosas flores de vivo escarlate, pendiam do caminho sobre nossas cabeças. Eram também abundantes as orquídeas, estando em flor uma das mais belas, Oncidium forbesii. FONTE: GARDNER, George.  Viagens ao Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942. p. 454. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Brasiliana. Série 5a.. v. 223).  Oncidium forbesii Linden, J. J. Lindenia -  iconogrophie des orchidees . v. 4. . 1888. www.plantillustrations.org

Um dia de um intenso céu azul...

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            O céu era de um azul-claro intenso, de um azul tão azul que até parecia branco. Um  branco espumante com fibrosidades douradas traçadas pelos raios solares ardentes. E pesado silêncio se havia abatido sobre o igarapé-açu e suas margens verdes; e esse silêncio nem parecia perturbado pela vozeria dos tucanos alvi-negros e dos araçaris encarnados e corocas e sururinas e garças, marrecos, papagaios, araras, de que a bacia do Trombetas é um repositório abundante e variegado. FONTE: VINHAES, Ernesto. Aventuras de um repórter na Amazônia. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1944. p. 162. Araçari Pteroglossus bitorquatus,  Vig.  John Gould (1804-1881).  A monograph of the ramphastidae or family of toucans.  1992.

Os mururés e uaupés na água cristalina e serena do lago

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          É muito agradável percorrer o lago, durante a noite, aqui, nesta solidão. O coaxar das pererecas, os roncos dos jacarés, o piado dos bacuraus parecem muito amplificados na quietude da noite. A luz da lua, projeta a imagem, dos mururés e dos uaupés na água cristalina e serena do lago e enche de sombras e pavores justificados o ambiente, trazendo à alma, apesar do espetáculo de beleza que oferece, uma inquietação que se acentua, se começamos a pensar nas cobras grandes, nos minhocões, nas boiunas ou nos jacarés de dentes aguçados que nos espreitam, ansiosos por um contato pouco amistoso. [...]. FONTE: CARVALHO, José Cândido de Melo. Notas de viagem ao Rio Paru de Leste. Publicações Avulsas do Museu Nacional , Rio de Janeiro, n. 14, p. 75, 1955. Victoria regia  Litografia de Ernst Heyn, 1892.  

Colhereiras de tom rosado

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          [...]. À beira dos rios escutam traiçoeiros os jacarés, passeiam nostalgicamente jacamins e mutuns, este negro de cristas amarela, como áureo diadema, ambos pernaltas; aquele com o seu canto monocórdico, gutural; este soltando na noite silenciosa um som contundente de corda de harpa repuxada com violência; as colhereiras de tom rosado, os casais de torcazes e as garças - brancas ou cinzentas - aristocráticas, que traçam no azul cobaltino, no esplendor dos poentes inenarráveis, um recorte airoso por sobre a multiplicidade bem harmonizada de verde, estranha sinfonia de uma só cor em múltiplos tons. FONTE: BETTENCOURT, Gastão de. A Amazônia no fabulário e na arte . Lisboa: Prodomo, 1946. p. 58-59.  Colhereira Ilustração de J. Th. Descourtilz (1796-1855)

Nesses recessos silenciosos ...

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          Tomamo-nos de admiração  vendo vegetais amontoados que entre si disputam a liberdade de crescer, elevar-se, procurar a vida, um ar puro e a claridade, em alturas prodigiosas, espalhando a sombra e a morte a seus pés, enquanto que inúmeros fetos e musgos recobrem de fina camada verde os destroços de um tronco que há muitos anos deixou de existir!...           Quem não admirará árvores de dimensões gigantescas que após terem lutado contra vários séculos veem-se cingidas e perecem sob o abraço de enormes lianas que de formas várias se apresentam, ora esticadas como cabos, trançadas como rede, ora enroladas em espiral regular, vazia em consequência da decomposição do tutor ao qual sua existência parecia estar ligada, formando então colunas ocas cuja base se fixa no solo e o cume avança para o céu e aí se coroa de folhas.      Nesses recessos silenciosos, quantas espécies de pássaros vivem e morrem ignoradas. Bandos numerosos de tangarás, ou gaturamos, saíras, povoam essas solidõe

O Cipó-Escada-de-Jaboti

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          Das lianas, que estas, sim, não só pela multiplicidade dos seus exemplares, como pelo vigor e variedade das suas espécies (já foi estimado que a proporção de plantas escandentes entre a Europa e os trópicos é de uma para dez) dão um fácies todo especial à flora amazônica, convém destacar, entre muitas, o cipó-d´ água, o cipó-d´alho ,  o cipó-caboclo, o unha-de-gato e o escada-de-jaboti, todos de grande envergadura, sendo que de um deles já se observou exemplar cujo sarmento, a enroscar-se em troncos e ramos até que cobrisse a copa de uma árvore, se estirava por mais de duzentos metros de comprimento. FONTE: CRULS, Gastão. Hiléia amazônica . Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2003. p. 14-15. (Reconquista do Brasil (2a. Série). v. 170). Cipó-Escada-de-Jabuti ( Bauhinia sp.) Fotografia cedida pelo Prof. Daniel Rebisso Giese tirada na Ilha de Colares  - PA  em maio de  2024. .

O Jacamim e as cobras

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          Que haverá na constituição de certos animais - notavelmente de algumas aves - que os torna invulneráveis - ou quase - às mordidas das serpentes venenosas? Dizem que o agami (Jacamim) ou corneteiro ( Psophia crepitans ) é imune a mordidas de cobra. Posso testemunhar que essa ave de fato não teme os ofídios, revelando grande habilidade em caçá-los, sem medo de bicá-los em qualquer parte do corpo e sabendo como esquivar-se de seus frequentes contra-ataques. Em Panuré, à beira do Uapés, havia um agami domesticado que se afeiçoou de mim a tal ponto que costumava me seguir como se fosse um cão. Ele nunca falhou em dar cabo de qualquer cobra que cruzasse nosso caminho.            Certo  dia, saí sozinho com esse agami pela caatinga afora. Chegando a cerca de 4 milhas [6,44 km] da aldeia, pus-me a vaguear por um lugar relativamente limpo de vegetação rasteira, no qual abundavam certas plantas diminutas (Burmaniáceas) que eu estava muito interessado em colher. Enquanto procurava os ex

Vitória-Régia - a "estrela das águas"

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          No mistério das águas profundas dos rios e dos lagos amazônicos há sempre uma estória a contar. Não há quem, tendo visto uma vitória-régia em toda sua plenitude, adornando um lago ou enfeitando um rio, possa esquecer aquele cenário de verdadeiro encantamento. O remanso dos rios ou o lago que é seu viveiro, são espelhos onde Iaci - a Lua - vaidosa e sedutora, reflete-se para chamar a atenção das caboclas que a têm como visão inspiradora do amor.       No cimo das colinas as cunhãs esperavam o aparecimento de Iaci, acreditando que ela trouxesse o bem do amor, pois seu beijo tornava-as iluminadas, desmaterializando-as e transformando-as em estrelas.        Contam que, certa vez, uma linda cunhã, levada pelo amor, querendo transformar-se em estrela pelo contato selênico, procurou as grandes elevações, montes, colinas e serras, na esperança de ver seu sonho realizado, naquele momento de magia e de felicidade. Naquela noite de luar, quando as estrelas do céu pareciam entoar cântico

América do Sul: o continente dos frutos

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          A América do Sul também poderia ser chamada de "continente dos frutos". Suas florestas, especialmente as florestas pluviais, possuem a mais diversa gama de frutos e de animais frugívoros de toda a região continental. Entre os vertebrados, as aves possuem a maior diversidade de espécies frugívoras. As principais aves frugívoras das matas inundadas da Amazônia são araras, papagaios, periquitos, mutuns, tucanos, anambés e seus parentes, uirapurus, japiins, japus, alguns fringilídeos (cardeais e curiós) e saíras e afins. No grupo de frugívoros, certamente está a maioria das mais belas aves das matas inundadas. [...].   FONTE: GOULDING, Michael. História natural dos rios amazônicos . Brasília: Sociedade Civil Mamirauá/CNPq/Rainforest Alliance, 1997. 208 p. ; il. Japu na laranjeira Descourtilz, J. T. Oiseaux brillans du Brésil.  1834.  www.biodiversitylibrary.org

Palmeiras e samambaias com suas folhagens emplumadas

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          Grandes cipós e trepadeiras pendem dos galhos, alguns como cabos de navio em linhas retas, a balançar suavemente com os sopros de ar que passam, outros em grandes festões, alguns nus como uma corda, outros cobertos de folhas, flores e parasitas. Palmeiras, samambaias e bambus projetam sua folhagem emplumada a partir dos altos das margens, e formam os lados desta colunata de floresta. [...]. FONTE: WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. p. 257.   Samambaias. Expedição Langsdorff ao Brasil 1821-1829 Desenho de Hercules Florence

Jardins em miniatura

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          [...].  Quanto a vegetação gozei aqui pela primeira vez um espetáculo que só se pode ter nas cachoeiras e mesmo aqui só no princípio da vazante; todas as pedras desta cachoeira estavam cobertas de verdadeiras almofadas de Podostemaceas. O desenvolvimento destas plantas minúsculas e graciosas podia ser estudado aqui em todas as suas fases, do primeiro veio ligeiro e esverdeado a que se mostra nas pedras ainda completamente submergidas, até as camadas espessas e luxuriantes da folhagem plenamente desenvolvida à flor d´água, até as milhares e milhares de florzinhas que elevam suas mimosas corolas brancas em galinhos transparentes de cor de rosa nos lugares apenas abandonados pelas águas e até os restos quase invisíveis formados pelas plantas dissecadas que se encontram nas partes mais altas do pedral. Quem passa algumas semanas mais tarde pelo mesmo lugar não vê mais vestígio nenhum destes jardins em miniatura, cuja graça ainda é exaltada pelo contraste do deserto de pedras e ág

Os cipós nos furos de Breves-PA

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          Os verdadeiros cipós, cujo tronco principal tem o mesmo crescimento exagerado que nos arbustos-cipós se observa só em certos galhos, influem mais na fisionomia da vegetação litoral dos furos que estes. São principalmente as Passifloraceas e as Bignoniaceas [...]., que envolvem os troncos e descem em elegantes festões das copas de árvores altas, produzindo aqui e acolá aquelas cortinas de verdura matizadas de flores brancas, roxas ou cor de rosa que tanto impressionam o viajante. Munido com gavinhas, como estes cipós, encontramos ainda o Cissus sicyoides L. que entre todos os seus congêneres tem a particularidade de poder desenvolver raízes aéreas que, tais como fios suspensos, descem verticalmente dos galhos mais altos.           Um dos cipós mais vistosos dos furos, notável pelos seus cachos compridos de flores escarlates, trepa nas árvores mais altas, sem ter órgãos especiais para se agarrar nas outras plantas. [...]. Como se vê, os cipós pertencem às famílias mais diver

A esguia e alta Imbaúba

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         Olhando de cima para essas florestas, e outras similares nas Províncias adjacentes elas nos parecem todas iguais, porém cada seção delas, quando examinada de perto, é diferente de sua vizinha. Há miríades de árvores, arbustos, videiras e palmeiras, fetos, parasitas e orquídeas, cuja quantidade e variedade produzem infinitas mudanças de arranjos, e, consequentemente, a descrição mais minuciosamente detalhada de um atalho, ou do interior de qualquer parte da floresta, variava totalmente de outra a doze jardas de distância. Todavia, observando-se da altura o conjunto completo, vê-se uma quantidade e variedade de árvores que, por sua cor conspícua de folha, ou flor, ou pela forma, absorvem os detalhes menos distintos; por exemplo, a esguia e alta imbaúba de tronco oco, com suas grandes folhas peltadas, verde-claras por cima e branco-prata na parte de baixo, é um dos aspectos mais salientes, especialmente quando a brisa agita suas folhas em lampejos de verde e prata; [...]. FONTE:

Jardins suspensos de surpreendente magnificência

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          A palmeira paxiúba ( Iriarthea exorrhiza ) e algumas espécies de Cecropia (embaúba) exibem outras extravagâncias em suas raízes. Elas aparentam estar apoiadas em estacas, o verdadeiro tronco apenas começando a uns 2 ou 3 metros acima do solo. Mas o que mais excita nossa admiração é a profusão de orquídeas e bromélias. Estas frondosas filhas dos trópicos envelopam com sua folhagem espessa, com folhas e flores dos mais irregulares formatos, tanto nos troncos de árvores já caídas quanto aquelas em que ainda há pleno vigor, formando jardins suspensos de surpreendente magnificência. Em todo lugar, nos galhos e no chão, e mesmo nas frestas da rocha bruta, ramos delicados de um rico musgo afloram e vestem de um frescor verde os troncos já tombados. [...]. FONTE: KELLER-LËUZINGER, Franz. Os rios Amazonas e Madeira : esboços e relatos de um explorador. Belo Horizonte: Editora Dialética, 2021. p. 174.   Bromélia   Trew, C. J. ; Ehret, G. D. Plantae selectae quarum imagines ad exemplar

Belíssimas orquídeas floridas

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                 A paisagem da região, até este ponto, não mudou. Há momentos em que são tantos os paranás encontrados, que os próprios práticos lutam para acertar o rumo. Esta noite perdemos o rumo indo parar num lago, tendo sido gastas duas horas até que fosse novamente, retomada a direção certa. O volume d´água é assombroso, água sempre negra e brilhante, continuada pela mata densa, quase impenetrável, vista ao longe como se fosse um risco preto por cima d´água. Não posso deixar de mencionar, as belíssimas aráceas e certas orquídeas floridas, nesta época. [...]. FONTE: CARVALHO, José Cândido Melo. Notas de viagem ao rio Negro. Publicações Avulsas do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n.9, p. 16, 1955. Galeandra sp. Ilustração de Margaret Mee (1909-1988).

Um lugarzinho encantador!

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       Era um lugarzinho encantador; um pouco acima, o rio passava por um vale estreito e fundo entre montanhas com florestas escuras, grandioso em seu silêncio e variedade de forma e cor; massas de flores cobriam algumas árvores, azuis, carmins e douradas; madressilvas amarelas, convolvuláceas azuis e vermelhas, flores de maracujá púrpura formavam festões de galho em galho ou pendiam em longas cordas, com as extremidades tocando o rio; a temperatura deliciosa, o som das águas caindo e o chilrear dos pássaros adicionavam-se aos seus encantos. FONTE: WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro; Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. v. 1. p. 134. Passiflora quadrangularis . Revue Horticole . 1902. www.biodiversitylibrary.org

Depois da chuva ...

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          [...]. Depois da chuva, um revaldo macio verde-claro aparece no terreno suavemente ondulado; na terra levemente mais alta que limita o vale há capões (moitas e touceiras de árvores), cada uma franjada por uma variedade de flores e samambaias, arões arborescentes, a paisagem toda tão arrumadinha que é difícil conceber que seja obra da natureza e não de um paisagista. Entre as árvores, são mais conspícuas as grandes massas de cor da begônia de flores púrpuras, o ipê, as flores douradas da caraíba do campo, e pindaíbas, aroeiras, palmeiras e acácias.  Quem segue a vereda sinuosa entre esses bosques sente-se em um verdadeiro paraíso. [...]. FONTE:  WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudo Histórico e Culturais, 1995. 1995. v. 1. p. 273. Cassia alata  Curtis, W. Botanical Magazine . v. 68. 1842.  www.plantillustrations.org