Jardins em miniatura

        [...].  Quanto a vegetação gozei aqui pela primeira vez um espetáculo que só se pode ter nas cachoeiras e mesmo aqui só no princípio da vazante; todas as pedras desta cachoeira estavam cobertas de verdadeiras almofadas de Podostemaceas. O desenvolvimento destas plantas minúsculas e graciosas podia ser estudado aqui em todas as suas fases, do primeiro veio ligeiro e esverdeado a que se mostra nas pedras ainda completamente submergidas, até as camadas espessas e luxuriantes da folhagem plenamente desenvolvida à flor d´água, até as milhares e milhares de florzinhas que elevam suas mimosas corolas brancas em galinhos transparentes de cor de rosa nos lugares apenas abandonados pelas águas e até os restos quase invisíveis formados pelas plantas dissecadas que se encontram nas partes mais altas do pedral. Quem passa algumas semanas mais tarde pelo mesmo lugar não vê mais vestígio nenhum destes jardins em miniatura, cuja graça ainda é exaltada pelo contraste do deserto de pedras e águas tempestuosas que os rodeia.


FONTE: 

SNETHLAGE, Emília. A travessia entre o Xingu e o Tapajóz. Boletim do Museu Goeldi (Museu Paraense) de Historia Natural e Ethnographia, Belém, t. 7, p. 55, 1913.





Uma paisagem de Podostemaceas. Alto Cunani - Cachoeira da Chocolateira.
Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia. t. 1. 1894.






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