A vitória-régia
Ela é a planta aquática que se tornou uma espécie de logotipo amazônico. Aparece em tudo que é folheto de turismo como se fosse flor. Pois não é. A vitória-régia é planta. E planta de uma folha só. Mas planta que dá flor. De sua raiz, fincada no fundo do lago, sobe um cipó grosso, retorcido que ao chegar à superfície da água vai formando uma folha, que cresce, que cresce, cada vez mais e sempre redonda, chega a ter um metro de diâmetro. Redondinha que dá gosto, cheia de nervuras, parece uma grande bandeja verde, de bordas reviradas.
Vi, num verão de cheia desconforme, no laguinho em frente ao lugar de Neném Cabral, amiga de minha mãe, uma vitória-régia que acabava de dar flor. Já nasce grande, arredondada como um repolho, só que lilás. Nasce da folha, não tem haste. A face interior da folha, que repousa na água, é escurecida e espinhenta. Embaixo dela o jacaré cochila. A jaçanã fica pulando em cima dela, feliz da vida. Quando o rio seca, a flor vira fruto. O tambaqui, que não é bobo nem nada, vem e come.
Fonte:
MELLO, Thiago de. Amazonas: águas, pássaros, seres e milagres do pedaço mais verde do planeta. Rio de Janeiro: Salamandra, 1998. p. 38. il. (Coleção Dias Bordados. Memórias do Brasil
Vitória-régia Gould, J. Monograph of Trochilidae, or family of humming-birds. v. 5. 1861. www.plantillustrations.org |
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