Colhereiras de tom rosado

        [...]. À beira dos rios escutam traiçoeiros os jacarés, passeiam nostalgicamente jacamins e mutuns, este negro de cristas amarela, como áureo diadema, ambos pernaltas; aquele com o seu canto monocórdico, gutural; este soltando na noite silenciosa um som contundente de corda de harpa repuxada com violência; as colhereiras de tom rosado, os casais de torcazes e as garças - brancas ou cinzentas - aristocráticas, que traçam no azul cobaltino, no esplendor dos poentes inenarráveis, um recorte airoso por sobre a multiplicidade bem harmonizada de verde, estranha sinfonia de uma só cor em múltiplos tons.

FONTE:

BETTENCOURT, Gastão de. A Amazônia no fabulário e na arte. Lisboa: Prodomo, 1946. p. 58-59. 


Colhereira
Ilustração de J. Th. Descourtilz (1796-1855)

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