Os Araçaris

                [...]. Dentre os quatro tucanos de pequeno tamanho, também chamados araçaris, encontrados nos arredores de Ega, o Pteroglossus flavirostris é talvez o de plumagem mais bonita, com seu peito todo cortado por largas listras de vibrantes tons escarlates e preto; mas a espécie mais curiosa de todas é o araçari-arrepiado, ou tucano de Beauharnais. As penas da cabeça desse pássaro singular se transmudaram em delgadas placas córneas, de lustrosa cor negra e encrespadas na ponta, lembrando aparas de aço ou de ébano e compondo no alto da cabeça um topete crespo parecendo uma peruca. O Sr. Wallace e eu encontramos pela primeira vez esse espécime quando subíamos o Amazonas, na altura da foz do Solimões; a partir desse ponto ele é encontrado com frequência, pelo menos na banda meridional do rio, até Fonte Boa, mas não me consta que tenha sido visto mais adiante, no rumo do oeste. Em maio e junho, quando já saiu da muda, ele surge em grandes bandos nas matas ao redor de Ega. Nunca os vi reunidos à volta de árvores frutíferas, e sim pulando de árvore em árvore pela mata, parcialmente escondidos pela folhagem. Nenhum desses araçaris, pelo que eu saiba, tem o canto dos tucanos maiores (Ramphastos), que lembra um latido; o seu canto é muito peculiar e se assemelha ao coaxar das rãs. [...].

FONTE:

BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979. p. 268-269. (Reconquista do Brasil, v. 53).


Araçaris
Álbum de aves amazônicas. 1900-1906.
Desenho de Ernst Lohse (1873-1930)


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