O ruído de uma cascata

         [...]. Íamos a esmo e eu principiava a perder a coragem quando ouvi ao longe o ruído de uma cascata. Foi para mim como um toque de corneta para um cavalo de batalha. Desapareceram a fadiga e fui sair em meio de uma clareira aberta por uma derrubada. Em redor, árvores de grande porte, de troncos lisos e polidos, pouco verdejantes. Os cipós pareciam cordagens de navios, a ponto de nos dar tudo aquilo a ideia de uma mastreação numerosa, sobretudo quando a água nos envolvia. Essa água, lago ou charco, provinha da cascata cujo estrépito ouvira de longe; escura essa água como a do rio Negro e talvez tivesse a mesma origem. Disseram-me depois ser essa coloração atribuída à salsaparrilha, planta que cobre fartamente as terras banhadas por essas águas. Deixo aos cientistas decidirem se essa versão tem algum fundo de verdade. [...].

FONTE:

BIARD, Auguste François. Dois anos no Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 164-165. (Edições do Senado Federal, 13).



Salsaparrilha (Smilax officinallis)
Descourtilz, M. E. Flore médicale des Antilles. v. 7 t. 461, 1829.
Ilustração de J. Th. Descourtilz.
www.plantillustrations.org



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