O despertar na mata

         Do chão da selva a umidade sobe, formando névoa, que o sol nascente atravessa, filtrando uma réstea de luz através das árvores. Despertam os insetos para recomeçar a vida. Entre as árvores deslizam, plácidas, as grandes borboletas azuis, de asas nacaradas, que parecem fantasmas perdidos nas verdes mansões da selva. Espantada pelos papagaios, uma cigarra de asas de vidro atira-se no ar e cai em cheio sobre uma árvore. Com mais barulho do que bom senso, os macacos  começam a palrar, enquanto buscam o alimento. Aves de todas as cores e tons apressam-se entre as árvores. Lá em cima há um súbito roçar de folhas, e um pássaro branco de neve rufla as asas, buscando um galho; de sua garganta branca vem um som que faz pensar no badalar de um sino. É a araponga, que desperta oficialmente a mata.


FONTE: VON HAGEN, Victor W. Os animais da américa do Sul. São Paulo: Melhoramentos, [19--?]. p. 43-44., il.


Araponga (à direita)
J. T. Descourtilz. História natural das aves do Brasil. 1983
 




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