Seringueiras
"Há, ainda, nos arredores da cidade, muitas árvores, que produzem borracha ou goma elástica, chamadas, pelos brasileiros, de seringueiras. É uma árvore de tronco alto e fino, com o casco de um cinzento amarelado, áspera embaixo, lisa em cima. Essa casca secreta, às vezes espontaneamente, mas, em geral, quando é picada, expele um suco leitoso, que se endurece no ar; apresenta, então, cordões de um cinzento pálido, da grossura de uma pena de ganso e com o comprimento de algumas varas Quando recobrem galhos finos, esses filamentos formam tubos elásticos que, sem dúvida, ensinaram aos nativos que aquela substancia poderia ser utilizada com vantagem. Os próprios índios já haviam feito com ela seringas e tubos para cachimbos. Hoje, são os cultivadores isolados e os mestiços pobres que recolhem e preparam aquela goma. Esse trabalho lhes valeu o nome de seringueiros.
Embora a árvore da borracha seja abundante no Estado do Grão Pará e em toda a Guiana Francesa, a mais importante colheita de goma elástica vem da capital e da ilha de Marajó. Durante grande parte do ano, e principalmente nos meses de maio, junho, julho e agosto, os seringueiros fazem, nas árvores, entalhes longitudinais e prendem, em cima, pequeninos potes de barro, com um diâmetro de dezoito polegadas. Quando a árvore é vigorosa e sã, esses pequenos potes se enchem em vinte e quatro horas. Sua forma mais comum é a de uma pera, como podemos verificar pelo formato da borracha que chega à Europa. Algumas vezes, no entanto, a imaginação do seringueiro varia o seu formato: fazem escorrer a borracha em moldes de formatos bizarros, imitando frutas da região, peixes, macacos, onças, peixes-boi e mesmo a cabeça de um homem [...]". Alcide D´Orbigny (1802-1857). Viagem pitoresca através do Brasil. 1976, p. 81.
Hevea brasiliensis. Os caçadores de plantas. Carolyn Fry. 2014. Ilustração de Franz Eugen Köhler, de 1887-8 Acervo de Olímpia Reis Resque |
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