Os arredores de Belém
"Depois que se
ultrapassa a linha dos jardins e quintais, onde crescem a noz moscada, o cravo,
a canela e outras árvores de especiarias da Malásia, os arredores de Belém
assumem, de súbito, o aspecto geral de um campo cortado de águas e florestas.
Poucos caminhos, mas brejos, no meio dos quais foram abertos pequenos trilhos.
Ordinariamente, as fazendas e sítios ficam na vizinhança da água, que constitui
quase que a única via de comunicação, no meio daquela rede de rios, ribeiros,
regatos, canais e lagoas. O colono do Pará, o índio, o mulato, estão a tal
ponto habituados àquela existência aquática, que atravessam o rio, na sua foz,
em uma canoa escavada em um tronco de árvore. Uma distância de várias léguas, o
movimento da maré, a ressaca de barra, as ondas do largo, nada os intimida. Se
a canoa vira, procuram pô-la de novo sobre a quilha e esvaziá-la de água e, se
isso se mostra impraticável, alcançam a costa, a nado. Em geral, um daqueles
pequenos barcos (montaria) vai preso à proa das embarcações de cabotagem,
servindo para entrar nos canais que penetram no interior das terras". Alcide D´Orbigny (1802-1857). Viagem pitoresca através do Brasil. 1976, p. 77.
Paisagem amazônica. Desenho de Percy Lau (1903-1972). Tipos e aspectos do Brasil. 1966. Acervo da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna - Museu Goeldi |
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