No Rio Solimões...


"O Solimões  veio, a 15 de julho, ao nosso encontro, em plena magnificência. O sol vinha nascendo e fazia empalidecer a lua cheia no ocaso. Um bando de alcíones brigava entre si ou com o vapor, que lhes perturbara a manhã. Dois deles tentaram atacar um gavião, que se esquentava ao sol, no galho alto dum eriodendro. Foram, porém, repelidos com enérgicos protestos. Alguns jacus, que faziam também sua toillete da manhã, apressaram-se em fugir, quando nos aproximamos. Um macaquinho, depois de nos ter observado por algum tempo, sumiu-se com horríveis guinchos dentro da floresta.
Só a vegetação ficou quieta, perto de nós, e seguiu-nos rio acima. Depois, como antes, formavam a selva sumaumeiras e esterculiáceas ou bombáceas, calófilas, cecrópias e dentre as palmeiras, a espinhosa tucum, a graciosa inajá e a altiva pupunha ou pirajau, como amirídeas, loureiros  e mirtáceas. Na terra cresciam musáceas, aróideas e gutíferas nas árvores . Por trás dos vastos capinzais de canaranas, porém, por trás das aningas e acima de delicadas mimosas peniformes, elevavam-se outros representantes das florestas tropicais, espessos e repetidos bambusais, de viçosas frondes graminifólias, e graciosas pontas, acenando, inclinadas - prova evidente de que as margens do rio eram de terreno firme, porquanto a taquara, embora exigindo terras úmidas, gosta delas firmes, e procura mesmo as alturas". Robert Avé-Lallemant (1812-1884). Viagem pelo norte do Brasil no ano de 1859. 1961, v. 2, p. 158-159.
 
 
 
Travessia sob o bambusal.
Desenho de Riou (1883). J. Crevaux. Voyages dans L´Amrique´du Sud. 1883.


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