Alfred Wallace e sua rotina no Pará
"Nossa rotina diária durante a estada nos moinhos era a seguinte: levantávamos às cinco e meia e íamos tomar um agradável banho nas águas do córrego. Daí partíamos para a floresta, geralmente armados, pois esta era a melhor hora para se caçar. [...]. Regressávamos às oito para o dejejum. Depois, saíamos novamente, agora em busca de insetos e plantas, ficando na mata até a hora do almoço. Depois do almoço, perambulávamos por uma ou duas horas, deixando o resto do dia para os trabalhos de preparação e secagem das coletas e para palestrar. Eventualmente, descíamos o igarapé de montaria não regressando senão à noitinha. Mas já nas minhas primeiras incursões pela floresta eu pude saciar minha curiosidade tendo a oportunidade de observar diversos animais exóticos, mormente pássaros. Os tucanos e papagaios eram abundantes. Encontramos também com certa frequência esplêndidos anambés azuis e roxos. Os colibris às vezes passavam por nós como flechas, logo desaparecendo nas profundezas da floresta. Pica-paus e diversas aves trepadoras de vários tamanhos e plumagens subiam pelos troncos e galhos das árvores. Víamos eventualmente o pequenino anambé de cabeça vermelha e pescoço entufado, e achávamos incrível como aquele pássaro tão diminuto podia rufar as asas de maneira tão barulhenta." Alfred Russel Wallace (1823-1913). Viagens pelos rios Amazonas e Negro. 1979, p. 38-39.
Anambés. Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930). Álbum de Aves Amazônicas. 1900-1906. |
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