Viajantes: A vegetação aquática.


"Quando saímos da floresta, entramos na imensidão do lago. Mas temos de passar ainda sobre os tapetes das canaranas, ou seguir canais serpenteantes, antes de chegarmos às bacias onde navegaremos sem obstáculos.
Sentimos o alívio de quem se livrasse de um túmulo. Respiramos com delícia o ar puro da madrugada, ainda não permitindo devassar todo o magnífico cenário. Mas sob o equador, a transição das trevas para a luz e vice-versa, é tão rápida, que deixa pasmos as ádvenas de altas ou baixas latitudes. Está ainda escuro. Mas como se fora em um cenário de teatro, vai clareando com rapidez. Os objetos mais próximos, vão ficando nítidos, os mais distantes vão se destacando, delineando-se, os contornos tomando relevo, surgindo límpidas as cores. E quando damos fé, já é dia. O sol espia vermelho como uma boca de fornalha, permitindo-nos entretanto encara-lo, velado pela imperceptível umidade que satura a atmosfera.
A paisagem é grandiosa. Há imensas superfícies livres de vegetação, mas a maior parte do lago é tomada pelas canaranas, essa gramínea de longos e grossos rizomas, pelo manto verde-negro dos aguapés, de flores branco-azuladas, pelos grandes discos verde-bronze das folhas da vitória-régia de flores alvas, enfim, por toda essa vegetação aquática a que os índios denominaram de "periantã". Francisco de Barros Prado. Caçando e pescando por todo o Brasil. 4a. série: Norte, Nordeste, Marajó, Grandes Lagos, o Madeira, o Mamoré. 1948, p. 192-193.
 
 
 
Vegetação dos lagos.
Curtis's Botanical Magazine, vol. 73, Jan. 1847.


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