Viajantes: A solidão sombria da floresta
"[...]. É especialmente interessante quando a tempestade torna mais soturna as profundidades dos nichos e faz destacar, de chofre, a sua solidão sombria. A floresta é pobre em grandes animais; as espécies maiores são menos abundantes; como na África Equatorial, o inanimado não admite a presença do animado; devemos, portanto, procurar caça nos lugares em que os limites da floresta encontram os campos cultivados. Por outro lado, a mata é desagradavelmente rica em vidas menores. E assim como vemos formas vegetais que vão dos criptógamos árticos, aos musgos e líquens que se agarram aos rochedos, que são cobertos de bromélias tropicais e que as palmeiras sombreiam, assim também ouvimos o grasnar do gavião, o grito do gaio e o martelar de muitos pica-paus, combinados com o vozerio do papagaio e do periquito, e o badalar da cotinga, no alto das árvores. "Ubi aves ibi angeli", diziam os antigos, e gostamos dos bípedes plumosos, não por si mesmos, embora sejam amáveis "per se", mas porque a sua presença indica a do homem. Nem nos devemos esquecer, ao noticiarmos as "harmonias naturais" daqueles palácios de verdura, a música dos "sapos cantores" nos brejos, e os concertos de rãs, realizados na água e na grama, na terra e em cada árvore caída. [...]". Richard Burton (1821-1890). Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. 1976, p. 253.
Pica-paus na floresta Desenho de Ernst Lohse (1873-1930) Álbum de aves amazônicas. 1900-1906 |
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