Multidões de garças
[...]. Já de longe avistamos multidões de garças de toda a espécie nas extremidades dos galhos por cima das largas copas das árvores, e quanto mais perto chegamos, maior número vemos de ninhos chatos, grandes como rodas de carros, e que aparecem como manchas escuras por entre a ramagem rala do mato.
Em cada árvore contamos dúzia deles.
O barulho torna-se cada vez mais ensurdecedor: ao penetrar na floresta julga a gente ter caído em um bródio de bruxaria.
Garças brancas, grandes e pequenas, garças morenas, arapapás, maguaris, colhereiros, cauauans, guarás, mergulhões grandes, cararás, tudo ali vive em confusão, na mais variada promiscuidade, ao lado e por cima uns dos outros, na mesma árvore, na qual muitas vezes em uma só há diversas colônias de ninhos de meia dúzia de espécies.
O cacarejar, o bater de bico, fungar, proferido simultaneamente por milhares de gargantas é interminável. E apesar de certos costumes sociais, por exemplo, em parte alguma o temperamento irascível e inclinado para brigar do povo das garças, se manifesta tão claramente, como na intimidade da vida familiar.
FONTE:
GOELDI, Emílio A. Maravilhas da natureza na Ilha do Marajó (Rio Amazonas). Boletim do Museu Paraense de Historia Natural e Ethnographia, Belém, t. 3, fasc. 1-4, p. 390-391, 1902.
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