Acampamento noturno na selva tropical

        A natureza que aqui nos falava com sua total grandeza, imensa e invencível, de repente, majestosamente, nos mandou parar. Estávamos diante de uma massa rochosa que se erguia verticalmente para o alto. Era um único bloco gigantesco, de umas centenas de metros de altura. Já estava anoitecendo.

           Descemos e acampamo-nos junto do Tuisíca - Igarapé, que estava rumorejando, no meio da selva tropical. Estávamos sujos e molhados. E também as redes e os cobertores estavam pesados, de tão úmidos que estavam. Muitos mosquitos, grandes e pequenos, e a desagradável mudança da temperatura noturna que sentíamos dentro das nossas coisas molhadas não permitiam repousar melhor.

        Estávamos deitados debaixo de um grupo de "paxiúbas-barrigudas", assim denominadas por causa de um engrossamento do tronco, uma certa altura acima do chão. Estas palmeiras não prestam para construção da casa, mas são boas para construir uma canoa, num caso de emergência. De cada palmeira pode-se fazer uma canoa. A gente racha o tronco e escava-o, alargando-o com fogo.

FONTE:

KOCH-GRÜNBERG, Theodor. Dois anos entre os indígenas: viagem ao noroeste do Brasil (1903-1905). Manaus: EDUA/FSDB), 2005. p. 239.


Cachoeirinha de Cupati; no primeiro plano, uma paxiúba-barriguda
 C. F. von Martius. Genera et species palmarium, 1824

 
 

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