Nas matas depois da chuva

         [...]. O véu da chuva se desfazia lentamente e a cor gris da paisagem era substituída por uma verde brilhante, cheia de manchas douradas projetadas pelo sol que tornava a surgir. Nas matas, durante o temporal, silenciosas, rompia a vida com toda força selvagem. Latiam os tucanos como cachorrinhos enraivecidos, urrava o guariba, gritava o cojubim. Uma ave, de bico vermelho vivo, passou como flecha a nosso lado:

        - É um tangurupará - explicou Vitório, um dos remadores. Tem o bico assim encarnado porque bebeu o sangue do avô do japim.

        O japim, ave de linda plumagem colorida, a que Vitório se referiu com palavras que traduziam mais uma das mil lendas da Amazônia, mostrou-se em toda a sua beleza na galharia das margens, juntamente com corocas, socós, sururinas e tantos outros pássaros maravilhosos que compõem a fauna alada da região. [...].

FONTE:

VINHAES, Ernesto. Aventuras de um repórter na Amazônia. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 1944. p.. 93-94. (Documentos de nossa época, 12).


Macurús (Rapazinho-dos-velhos) - Tangurú-Pará - Urubuzinho.
Álbum de Aves Amazônicas (1900-1906)
Ilustração de Ernst Lohse (1873-1930) 

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