Uma enorme borboleta azul flutua no ar

"[...]. Mil coisas nessas matas atraem a vista e nos distraem daquilo que procuramos. Quantas vezes paramos para admirar um tronco por si só constituindo um mundo vegetal! A cada nodo, a cada encontro dos ramos, as parasitas se agarram; as lianas pendem dos galhos altos até o chão; os cipós enleiam o tronco, tão estreitamente unidos uns aos outros que se diriam as caneluras duma coluna.
E quantas vezes ficamos imóveis, à escuta, para distinguir o sussurro do vento nas folhas das palmeiras, a uns cinquenta pés acima de nossas cabeças; não é ruído lento e surdo de vento nos galhos dos pinheiros das nossas florestas; mais parece o som claro duma água corrente. Através da estreita trilha, uma enorme borboleta, dessa cor azul vivo que se admira nas coleções de insetos do Brasil, flutua serenamente no ar diante de nós; ei-la pousada  quase ao nosso alcance, dobrando os seus esplendores azulados e parecendo calma e imóvel, uma simples flor castanho-escuro salpicada  de branco! Aproximando-nos cautelosamente, mas uma folha seca estala debaixo de nossos pés; o inseto foge, patenteando de novo, ao abrir as asas, todo o esplendor do seu maravilhoso colorido. [...]".

FONTE: 

AGASSIZ, Luiz; AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil 1865-1866. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000. p. 302-303.




Borboleta Morpho
Maria Sibylla Merian (1647-1717). 

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