As palmeiras na Amazônia

 

"Se acompanhássemos Lineu quando diz que o homem nasceu entre palmeiras e é essencialmente palmívoro, não teríamos dúvida em fazer da Amazônia o berço da humanidade. E isto porque das mil e muitas plantas dessa família que estão hoje conhecidas, mais da metade tem larga representação no grande vale e, conforme já acentuamos, empresta-lhe à paisagem caráter todo especial.

Umas têm porte vultuoso e, de estípite grosso e linheiro, levam o capitel até quinze e vinte metros de altura, como acontece com a pupunheira e a inajá. Outras são acaules e com a sua fronde aberta logo à flor da terra, como fazem as curuás, recordam garbosos cocares indígenas. Estas são esbeltas e delicadas, como a piririma ou marajaí; aquelas têm o tronco desconforme como a paxiuba barriguda, ou ramificado como a jauari, ou descansando sobre um pedestal de raízes adventícias, como a caiaué e ainda as Iriartea. Da maioria, as palmas  serão pinadas e, de poucas, mas das mais belas, como a miriti, flabeliformes. Haverá algumas de folhas enormes, como a jupati, ou inteiriças, como a uauaçu, para contrabalançar com os numerosos e delicados folíolos da mumbaca, caranaí e tantas outras. Raras serão aquelas com a sociabilidade da açaí e da bacabinha, que se reúnem em greges ou acúmulos e são tanto mais bonitas quanto dispostas em harmoniosos grupos. [...]".


FONTE: CRULS, Gastão. Hiléia amazônica. Belo Horizonte: Itatiaia, 2003. p. 48. (Reconquista do Brasil (2a. Série). v. 170).



Palmeiras Pupunhas na margem do rio Japurá
C. F. von Martius. Historia Naturalis Palmarum. 1823-1850
www.biodiversitylibrary.org

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