Paisagem amazônica


"[...]. Para se ter uma impressão mais exata do que é a flora amazônica, na variedade dos seus aspectos, na diversidade dos seus elementos, haveremos de examiná-la em vários pontos, mas sempre de perto, subindo rios - rios de água branca e rios de água preta - , varando cachoeiras, entrando por igarapés e paranás-mirins, abicando nas restingas, penetrando nas matas e palmilhando os campos. E é isso o que vamos fazer agora, como se nos servíssemos da mais ligeira canoinha, canoinha que não temesse se atufar entre o matupá dos alagadiços, que sempre achasse caminho entre os paus caídos e a galhaça enrediça dos furos e igapós, que fosse facilmente arrastada por piques e varadouros, quando não se aventurasse mesmo pelo pedral das pancadas e corredeiras.
Dessa montaria, já puxada até o enxuto das praias ou apenas amarradas a qualquer tronco na barranca, é que saltaremos em terra para percorrer as ilhas em formação ou já adultas, as matas de várzea ou de terra firme, os charravascais, as campinas e campinaranas, os campos cobertos ou lavrados, e também para alcançar qualquer lomba de cômoro ou tope de serra, pois que tudo isto existe na paisagem amazônica". 

FONTE: 

CRULS, Gastão. Hiléia amazônica. Belo Horizonte: Itatiaia, 2003. p. 8.


Canoas
Creveaux, J. Voyages dans L´Amérique du Sud. 1883.
Desenho de E. Riou (1833-1900)

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