Árvores decorativas

"[...]. Igualmente, faz-nos pena não ver florido o Erisma calcaratum, o jabuti ou cachimbo-de-jabuti do caboclo amazonense, tanto os seus frutos, ricos em óleo, lembram mesmo um cachimbo, e que habitando os igapós, aí, entre  as palmas dos miritis, abre as suas magníficas inflorescências violáceas, pintalgadas de azul.

Quanto à Gustavia augusta, menos falta nos faz a sua imagem, uma vez que, embora de porte bem mais avantajado (é uma das maiores flores conhecidas), não anda muito afastada em cor e formato da Clusia grandiflora, [...]. Aliás são ambas da família das Gutíferas, embora pertencendo a gêneros diferentes.

Com relação às seis últimas árvores citadas na lista de Ducke, quando muito, teríamos ao nosso dispor apenas material de herbário e este, se satisfaz ao botânico para efeitos de classificação, e de todo ineficiente ao pintor, sobretudo quando em trabalho deste gênero, sem prejuízo do acabamento artístico, se tem em mira a verdade científica.

E seria lá possível, a não ser por artes de pajelança, que diante de um simples galhinho seco, espremido entre duas folhas de papel, se pudesse ter a visão do que é a Eperua purpurea, a copaíbarana do povo, a iebaro dos índios do rio Negro, quando veste o seu rico manto em tons de rosa e escarlate? Ducke, de olhar sereno, mas com amplo descortino sobre a flora universal, não se arreceia de dar-lhe lugar de relevância entre as árvores mais belas do mundo.

CRULS, Gastão. Hiléia amazônica. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955, p. 58-59. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana. Grande Formato, v. 6).

Clusia grandiflora.
Curtis´s Botanical Magazine, v. 137, t, 8387, 1801.
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